Agricultores alemães defendem subsídios
7 de agosto de 2003O presidente da poderosa Federação dos Agricultores Alemães (DBV), Gerd Sonnleitner, foi pessoalmente a Washington esclarecer as posições que serão adotadas durante as negociações. Ao contrário dos europeus, os Estados Unidos defendem o fim progressivo das subvenções e a abertura dos mercados dos países industrializados aos produtos agrícolas dos países em desenvolvimento.
A União Européia modificou recentemente a sua rígida política agrícola, adotando pela primeira vez medidas de liberalização do mercado. A UE continuará pagando subsídios agrícolas, mas estes serão desvinculados do volume de produção. Fora isso, a UE reduzirá os mecanismos de proteção às oscilações externas, assim como os incentivos às exportações.
O Brasil é diferente dos países africanos
Todas essas medidas "doeram" no bolso dos agricultores europeus, foi o teor da mensagem que Sonnleitner tentou levar aos Estados Unidos, a fim de pedir a "compreensão" dos seus interlocutores americanos para a manutenção dos privilégios.
Seu principal argumento é que os países europeus importam anualmente 34,2 bilhões de euros dos países em desenvolvimento e só exportam 15,4 bilhões de euros. Enquanto isso, os Estados Unidos importam produtos agrícolas no valor de 20,2 bilhões de euros e exportam 23,8 bilhões de euros.
Segundo Sonnleitner, europeus e americanos concordam em que é preciso haver regras diferenciadas. Nem todos os países em desenvolvimento devem ser colocados no mesmo saco, citando o exemplo Brasil, que se tornou um dos maiores exportadores mundiais de soja, açúcar, frangos e carne de boi e, por isso, não pode receber o mesmo tratamento que os países africanos.
Ou seja, na opinião dos agricultores alemães, as exportações agrícolas brasileiras não podem desfrutar dos privilégios aduaneiros que a União Européia concede a alguns países pobres.
Diferenças entre UE e Estados Unidos
A agricultura tem um importante papel na União Européia. Na Alemanha, por exemplo, ela representa 15% da economia, junto com os setores de alimentação e florestas. Por isso, a abertura do mercado agrícola é um tabu na UE e poderá constituir-se num grande obstáculo ao êxito das negociações da OMC em Cancún.
Os Estados Unidos estão pressionando os europeus com uma série de propostas para liberalizar o mercado mundial. Uma questão difícil é a resistência dos europeus aos alimentos transgênicos. Os agricultores alemães defendem o ponto de vista de que os produtos de engenharia genética devem ser comercializados separadamente.
Outra questão sensível é a proteção aos animais, que é muito importante para os europeus, mas não tem o menor peso na política dos Estados Unidos.