Airbus A380: produto da pesquisa européia
27 de abril de 2005Depois de anos de trabalho e investimentos da ordem de 10 bilhões de euros, o lançamento do Airbus A380, nesta quarta-feira (27/04), em Toulouse, na França, causou uma certa euforia na Europa.
Em entrevista à DW-WORLD, o diretor do programa para aeronáutica do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), Horst Hüners, diz que as grandes expectavivas em torno da aeronave se devem, principalmente, à singularidade desse produto da pesquisa e da indústria européia. "Não é o maior avião da história, mas, sim, o maior para a aviação civil a ser fabricado em série", explica.
Europa não lidera
Apesar do êxito da Airbus, que já conta com pedidos milionários, a indústria aeronáutica européia ainda não consegue bater a concorrência dos Estados Unidos ou Japão no mercado internacional. "Ela ainda está longe de ser líder em projetos industriais de ponta", opinam alguns analistas.
Hüners, no entanto, acha que o Airbus A380 pode desequilibrar a posição monopolista que vinha sendo ocupada pelo Boeing 747 no mercado. "No momento, o A380 é o maior. E ele prova que a Europa não está atrasada", afirma.
Analistas mais cautelosos costumam lembrar o ditado de que "uma andorinha só não faz verão". E que o fato de o Airbus ser o maior de sua categoria não é garantia para seu êxito comercial. "Explorar sua capacidade máxima de 853 passageiros poderia se tornar um desafio", advertem.
Investir na investigação
Segundo Hüners, é inegável que o Airbus A380 é um produto importante da pesquisa e da indústria européia. "Mas a indústria aeronáutica européia precisa mais do que um avião para salvar o prestígio do continente", ressalta.
Alguns analistas opinam que a Europa precisa investir mais em pesquisas para poder ser realmente competitiva. "Os governos nacionais e a própria Comissão Européia estão plenamente conscientes da importância da pesquisa e os esforços nesse sentido estão bem encaminhados", argumenta Hüners.
O projeto do Airbus é considerado um modelo de pesquisa européia no campo dos novos materiais, por exemplo. Segundo Hüners, os europeus precisam fabricar também aviões pequenos, capazes do competir com as ofertas da Boeing. "A Airbus terá que reagir, e o fará", diz.