Alemanha desiste de mérito a historiador que nega genocídio
1 de janeiro de 2022O governo alemão desistiu de conceder sua maior honraria, a Ordem de Mérito da Alemanha, ao historiador israelense Gideon Greif, um negacionista do genocídio de Srebrenica na Bósnia, anunciou a agência de notícias alemã dpa nesta sexta-feira (31/12).
A notícia de que o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, deveria entregar o prêmio a Greif pela sua extensa contribuição aos estudos do Holocausto causou uma onda de críticas na Bósnia-Herzegovina.
Greif centrou seus trabalhos nos EUA e em Israel ao extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, ele também fez parte de um grupo que, em julho, publicou um extenso relatório de mais de 1.000 páginas que sugere que a morte de milhares de muçulmanos no massacre de Srebrenica, em 1995, não foi um genocídio.
O relatório, encomendado pelo líder sérvio-bósnio Milorad Dodik, foi amplamente rejeitado por outros historiadores independentes. Dodik é um defensor da secessão da parte sérvia da Bósnia-Herzegovina, a Republika Srpska.
Além disso, críticos argumentam que Greif aumenta em seus trabalhos o número real de vítimas sérvias durante a Segunda Guerra Mundial.
O massacre de Srebrenica
Em 11 de julho de 1995, forças militares e paramilitares sérvias da Bósnia, sob o comando de Ratko Mladic, conhecido como "o açogueiro dos bálcãs", invadiram a cidade de Srebrenica, no leste da Bósnia e, em poucos dias, mataram cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos. O massacre ocorreu no final da Guerra da Bósnia (entre 1992 e 1995), conflito no qual sérvios lutaram contra bósnios e croatas.
Até agora, os restos de quase 6.900 vítimas foram encontrados e identificados após serem retirados de mais de 80 valas comuns. Todos os anos, mais corpos são identificados e sepultados.
As sentenças do Tribunal Internacional de Crimes de Guerra para a ex-Iugoslávia em Haia classificam o massacre de Srebrenica como genocídio, o que é contestado por alguns oficiais sérvios da Bósnia e pela vizinha Sérvia.
Em julho deste ano, o alto representante da ONU na Bósnia, Valentin Inzko, considerou a negação do genocídio de Srebrenica um crime.
Em 2021, um tribunal de guerra da ONU confirmou a pena de prisão perpétua para Ratko Mladic, por causa do massacre de Srebrenica e outros crimes de guerra.
le (ap, dpa, ots)