Desistência de Abdullah
2 de novembro de 2009Após a desistência do rival Abdullah Abdullah, a Comissão Eleitoral Independente (CEI) do Afeganistão cancelou nesta segunda-feira (02/11) a realização do segundo turno previsto para o próximo sábado e proclamou o atual presidente do país, Hamid Karzai, vencedor das eleições presidenciais.
Abdullah, ex-ministro afegão do Exterior, havia instado Karzai a destituir o presidente da CEI, Azizullah Ludin. Como Karzai não atendeu o pedido, Abdullah se recusou a participar das eleições presidenciais alegando que persistia o risco de fraudes no processo eleitoral.
De acordo com fontes diplomáticas, a comunidade internacional se opôs com veemência à realização de um segundo turno com apenas um candidato. Um diplomata declarou à agência de notícias DPA que seria ridículo gastar dinheiro e colocar em risco a vida de pessoas numa eleição cujo resultado se conhece de antemão.
Reações
A comunidade internacional apoiou a decisão da CEI. Em comunicado, a embaixada dos Estados Unidos em Cabul declarou que o país continuará colaborando com o governo do Afeganistão e apoiando os esforços em prol de reformas institucionais e da segurança interna.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse em Washington que é chegada a hora de os dois governos iniciarem "conversações duras". Já o presidente do Estados Unidos, Barack Obama, evitou fazer comentários logo após o anúncio da reeleição. Ele disse que se pronunciará nos próximos dias.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que se encontrou com Karzai e Abdullah em Cabul numa tentativa de pôr fim ao caos político, foi o primeiro líder mundial a parabenizar o presidente reeleito.
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, telefonou para Karzai e pediu empenho em prol da unidade nacional. O Reino Unido é o segundo país com mais soldados no Afeganistão.
Em Paris, os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, e da França, Bernard Kouchner, pediram a Karzai para que trabalhe em sintonia com Abdullah.
"Esperamos que o presidente afegão se esforce para unir os dois lados (…) e procure ser o presidente de todos os afegães", afirmou Westerwelle. Kouchner declarou que os governos europeus deveriam unir esforços com os Estados Unidos para persuadir Karzai a chegar a um acordo com Abdullah.
AS/afp/rtr/dpa
Revisão: Rodrigo Rimon