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Protecionismo econômico

19 de julho de 2007

Governo alemão procura mecanismos para proteger empresas do país de serem compradas por fundos estatais estrangeiros. Merkel afirma que tais fundos poderiam ser usados para o ganho de influência política.

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Fundos estrangeiros estão de olhoFoto: dpa zb

Devido ao receio perante o crescente interesse de países como Rússia e China por firmas alemãs, a chanceler federal Angela Merkel declarou, na quarta-feira (18/07), que o governo está ponderando respostas às intenções de anexação corporativa por fundos financiados publicamente com investimentos estrangeiros.

O poder financeiro dos fundos estatais, particularmente da China, Rússia e Estados do Golfo Pérsico, alcançou "dimensões até agora desconhecidas", comentou Merkel em uma conferência de imprensa sobre o balanço de seu governo, antes do recesso parlamentar de verão.

Merkel afirmou que o governo estaria "à procura de mecanismos, tanto em nível europeu quanto em nível alemão", para lidar com a influência dos fundos. Nos últimos meses, políticos alemães demonstraram receio de que corporações estatais gigantes, recentemente enriquecidas na Rússia e na China, venham a tomar conta de setores-chave da indústria da maior economia da Europa.

Tão pouco transparentes como os fundos Hedge

Deutschland Europatag der Deutschen Wirtschaft Angela Merkel
Angela Merkel quer prolongar boom econômicoFoto: picture-alliance/ dpa

A sugestão do presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann, ecoa, agora, em Berlim. Ackermann sugeriu a definição de campos econômicos estratégicos, "onde sentimos que devemos manter o controle".

A China, Rússia e os países da Opep acumularam imensas reservas de divisas com suas exportações. Cada vez mais, este dinheiro é transferido, através de fundos de investimentos estatais, para a participação em empresas estrangeiras.

Segundo o FMI, o volume de tais fundos chega a 2,5 trilhões de dólares. As estratégias de aplicação dos fundos estatais seriam tão pouco transparentes como as dos fundos Hedge, de altíssimo risco, explica o economista-chefe do FMI em Frankfurt, Simon Johnson.

Mecanismos de controle transparentes

Merkel declarou ser possível que tais investimentos sejam usados não somente para obter altos ganhos de capital, mas também como plataforma para o ganho de influência política. "Não devemos ser ingênuos", afirmou a chanceler, acrescentando que "fundos estatais também podem ter objetivos estratégico-políticos em mente, que poderiam ser problemáticos em áreas sensíveis".

A chanceler comentou que falou recentemente com o presidente francês Nicolas Sarkozy sobre o assunto. Ela também afirmou ter favorecido discussões, entre os 27 países-membros da União Européia, em torno de definição uniforme de "estratégias industriais" que pudessem abarcar tais mecanismos.

Merkel salientou que não pretende bloquear tais fundos, mas que favoreceria a introdução de mecanismos de controle transparentes, como aqueles em vigor nos Estados Unidos. "Uma banimento generalizado não é, certamente, a resposta correta", afirmou a chanceler.

Presa fácil para anexações

De forma similar, o ministro alemão das Finanças, Peer Steinbruck, comentou recentemente que o governo de Berlim estaria considerando meios de proteção, perante investidores estrangeiros, para setores-chave como as telecomunicações, bancos, serviços postais, logística e energia.

Bert Rürup
Bert Rürup é contra o protecionismo econômicoFoto: AP

O poder crescente dos fundos de investimentos causa preocupação, pois a avaliação de mercado relativamente baixa de importantes companhias alemãs as tornam presa fácil para as anexações. Calcula-se que os fundos em questão disponham de 800 bilhões de euros, sem incluir as reservas correntes substanciais do Oriente Médio e dos países asiáticos. Somente a China disporia de 1,2 trilhão de dólares, destinados, em parte, à compra de companhias ocidentais.

Apesar disto, no mês passado, Bert Rürup, alto conselheiro econômico do governo alemão, afirmou ser contra a introdução de novas formas de protecionismo para conter o ganho excessivo de influência sobre companhias nacionais. "Não estou muito de acordo em isolar o mercado de capital alemão", declarou ao diário econômico Handelsblatt.

Constante queda no índice de desemprego

Merkel afirmou que o governo faria tudo para prolongar o avanço econômico que vivencia, agora, a Alemanha. Desta forma, o maior número possível de pessoas poderiam aproveitar os benefícios.

"Quanto maior o boom conjuntural, mais influência teremos na formação do arcabouço internacional necessário para assegurar que nossa tradicional economia de mercado continue a prosperar", declarou Merkel.

A Alemanha vem experimentando uma constante queda no índice de desemprego e muitos economistas acreditam que o projeto econômico alemão, em 2007, irá se equiparar ou, possivelmente, ultrapassar os 2,8% do ano passado.(als/kz/ca)