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Suspense em Davos

Marco Vollmar (av)26 de janeiro de 2007

Nos Alpes suíços é grande a expectativa em torno de temas como subsídios agrários e protecionismo alfandegário. Angela Merkel conta entre os otimistas do encontro, mas a luta contra o tempo é dura.

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Merkel conversa com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em DavosFoto: AP

O suspense é grande em Davos: neste sábado (27/01) os ministros do Comércio das maiores nações se reúnem para tentar reaquecer as estagnadas negociações sobre liberalização dos mercados na Organização Mundial do Comércio (OMC).

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, está otimista quanto à possibilidade de tirar a chamada Rodada de Doha do beco sem saída, durante este 37º Fórum Econômico Mundial. "A chance de sucesso existe, não há dúvida. Entretanto, as posições da Europa, dos EUA e das nações em desenvolvimento ainda precisam se aproximar mais. E eu digo que todos devem estar dispostos a mostrar um tanto mais de flexibilidade. A responsabilidade pelo sucesso está depositada sobre muitos ombros, o perigo de um fracasso seria um golpe duro."

Subsídios agrários x prestação de serviços

Um tal fracasso no comércio mundial poderia ser causado pela disputa aberta em torno de questões agrárias. Os países industriais são instados a abrir os mercados para as nações em desenvolvimento e a reduzir seus subsídios para produtos agrícolas. Em contrapartida, estas nações deveriam diminuir as taxas alfandegárias e obstáculos comerciais para os produtos industrializados e prestação de serviços.

Um consenso a este respeito não está – em absoluto – à vista. Apesar disso, a premiê alemã – também na qualidade de presidente do Conselho da UE e do G8 – se empenha em encontrar um denominador comum para todos os envolvidos.

Segundo Merkel, não se trata apenas de discutir sobre agricultura. "Também nas negociações sobre o setor de serviços e os bens industrializados necessitamos urgentemente de progressos. Tenho em mente que os interesses essenciais das nações industriais estão em jogo, por isso é também preciso encontrar um equilíbrio justo. Temos um prazo, não muito longo, para progredir nas negociações, e devemos aproveitá-lo."

Esperança e confiança, da Coca-Cola à Índia

Davos
Centro comercial de DavosFoto: Davos Tourismus

No momento não está claro se os Estados Unidos respaldarão Angela Merkel, mas já é certo que ela poderá contar com os empresários. O presidente da Coca-Cola, Neville Isdell, declarou-se impressionado em Davos com os planos e visões da chefe de governo, e anunciou seu apoio.

"A chanceler nos apresentou uma tremenda agenda. Acho que ela é o tipo de liderança política que vínhamos procurando. Está na hora de nós, empresários, nos levantarmos e participar desse programa, e pôr mãos à obra com muito mais força."

Mais de uma vez, o idílio dos Alpes suíços já contribuiu para melhorar o clima de negociações estagnadas. Não é de esperar que haja resultados concretos já no sábado, mas talvez os participantes consigam concordar quanto a um plano comum.

Esta é, pelo menos, a esperança do ministro indiano do Comércio, Kamal Nath. "No momento não estamos nem na estrada, por isso temos que retornar a ela, e fazer uma rota para o futuro, a fim de reavivar a OMC."

O relógio corre

As negociações de Davos fazem parte de uma corrida contra o tempo, e disso sabem todos os seus participantes. Pois em 30 de junho próximo sai de vigor a cláusula concedendo ao presidente norte-americano poderes extraordinários para negociar acordos comerciais.

Até agora, ela garantia a George W. Bush autonomia abrangente de decisão em relação ao Congresso de seu país. A partir dessa data, os deputados dos EUA poderão isolar os tópicos de um possível acordo comercial e rejeitá-los. E isso deverá complicar ainda mais as negociações.