Alemães queimam economias para fazer frente à inflação
24 de agosto de 2022A inflação e a alta nos preços ao consumidor atingiram as economias dos cidadãos alemães acumuladas durante a pandemia de covid-19, afirma um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas (IFO), da Universidade de Munique, divulgado nesta terça-feira (23/08).
O diretor de pesquisas do IFO Timo Wollmershäuser relata que os alemães economizaram em torno de 70 bilhões de euros adicionais (em torno de 356 bilhões de reais) entre abril de 2020 e março de 2021, em comparação às circunstâncias normais.
Essa tendência, no entanto, se reverteu. Balanços bancários demonstram que, desde o final do ano passado, os consumidores passaram a gastar de tal maneira suas economias que eles "as eliminaram quase por completo até o final do primeiro trimestre de 2022", avalia Wollmershäuser.
"No segundo trimestre, esses desdobramentos continuaram em ritmo quase inalterado", afirmou, destacando que a inflação é vista como o maior catalisador dessa tendência.
Os preços ao consumidor na Alemanha continuam a aumentar, sem que haja qualquer perspectiva de mudança, o que indica que "o consumo privado irá, infelizmente, fracassar ao agir como o motor econômico do país no restante do ano", diz o economista.
Enquanto o consumo se expandiu vigorosamente nos primeiros meses de 2022, apesar da inflação alta, "desde a metade do ano, muitos dos principais indicadores econômicos vêm demonstrando um claro efeito atenuante", conclui Wollmershäuser.
Além da inflação, a alta nos juros e a incerteza econômica são os fatores que mais contribuíram para a contração da economia alemã em agosto, a mais forte registrada desde o início da pandemia, em março de 2020.
Impacto sobre os salários
Na primeira metade do ano, os aumentos nos salários negociados pelos sindicatos não acompanharam a alta nos preços ao consumidor. Um estudo da Fundação Hans Böckler, de estudos econômicos, avalia que isso não deve mudar no futuro próximo.
Os salários subiram em média 2,9% na Alemanha. Com os preços ao consumidor aumentando simultaneamente, e com maior rapidez, a perda real nos salários é de 3,6%, segundo a Fundação.
Esse aumento nos salários está amplamente associado a negociações entre patrões e sindicatos concluídas em 2021, antes da invasão russa da Ucrânia. A maioria dos aumentos gira em torno de 2,5%.
Acordos mais recentes geraram ganhos de 4,5% aos assalariados, mas estes também estão defasados em relação à inflação.
rc (dpa, Reuters)