Alta do euro causa temor e preocupação
8 de novembro de 2004Economistas e representantes da indústria apelaram ao Banco Central Europeu (BCE) para que contenha a alta do euro. A moeda única européia já abriu o pregão da segunda-feira (8/11) em Londres a 1,2986 dólar, superando em 0,08 cent de dólar a cotação recorde da sexta-feira.
Martin Hüfner, economista-chefe do HypoVereinsbank, segundo maior banco alemão, declarou ao jornal Financial Times Deutschland: "O BCE deveria aumentar a pressão verbal. O que seu presidente, Jean-Claude Trichet, disse até agora não me basta. Estamos chegando ao ponto onde começa a doer".
O diretor do departamento responsável por questões básicas da política econômica da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Thilo Pahl, também exigiu uma reação do Banco Central: "O BCE deveria deixar claro que acompanha com a maior atenção os acontecimentos do mercado de divisas".
Na opinião de Eric Chaney, do Investment Bank Morgan Stanley, o BCE "não deveria aceitar uma nova valorização do euro". Experiências passadas haveriam demonstrado que palavras de advertência do banco monetário têm o poder de tranqüilizar o mercado de divisas. Caso estas não bastem, o BCE terá que intervir diretamente, vendendo euros, concluiu Chaney.
Fé nos exportadores alemães
Os líderes econômicos europeus têm motivos palpáveis para inquietação: uma moeda supervalorizada encarece as exportações, reduzindo a competitividade da eurozona e ameaçando sua já tão instável recuperação.
O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, classificou como "preocupante" a força do euro em relação ao dólar, no que concordaram seu homólogo austríaco e o presidente da França, Jacques Chirac.
Numa coletiva de imprensa em Bruxelas, Schröder acrescentou porém que a indústria exportadora de seu país é suficientemente robusta para resistir. O ministro alemão da Economia, Wolfgang Clement, assegurou que os ministros das Finanças do Grupo dos Sete discutirão a alta do euro, caso esta se mantenha.
Insegurança com Bush
A marca de 1,2952 dólar alcançada pelo euro na sexta-feira superou o recorde de 18 de fevereiro. Corretores e analistas estão preocupados com as conseqüências econômicas da vitória eleitoral do George W. Bush, pois uma melhoria durável da disciplina orçamentária sob o presidente norte-americano reeleito não é de se esperar. Há expectativas de que o euro chegue a 1,30 dólar nesta segunda-feira.
Diante da situação econômica incerta nos Estados Unidos, nem mesmo os dados surpreendentemente positivos do relatório sobre o mercado de trabalho norte-americano poderão conter essa tendência. No máximo, estes dados levarão o Banco Central dos EUA a elevar os juros, ocasionando uma alta pelos menos temporária do dólar.
Chris Furness, da consultora econômica 4Cast, prevê que o euro poderá alcançar 1,40 dólar no próximo ano: "No fronte econômico ainda poderá haver crescimento, porém às custas de déficits ainda maiores, pelo menos no setor do comércio". Em outubro Washington anunciou um déficit orçamentário recorde para 2004 de 413 bilhões de dólares, enquanto o déficit comercial de 54 bilhões de dólares em agosto foi o segundo maior da história dos EUA.