Novos membros da UE não estão maduros para o euro
22 de outubro de 2004A maioria dos dez países que ingressaram na União Européia em 1º de maio de 2004 precisa, antes de mais nada, reduzir o déficit público para poder participar da zona do euro. No momento, nenhum deles preenche todos os critérios para adotar a moeda única.
Esta é a conclusão a que chegaram o BCE, em Frankfurt, e a Comissão Européia em seus relatórios sobre a situação econômica na Estônia, Letônia, Lituânia, Malta, Polônia, Eslováquia, Eslovênia, República Tcheca, Hungria e Chipre. Nem mesmo a Suécia, que integra a UE desde 1995, preenche os chamados "critérios de convergência" para introduzir o euro.
Segundo o Tratado de Maastricht, só podem participar da zona do euro os países da UE que tenham inflação inferior a 2,4%, um déficit público não superior a 3% do PIB, endividamento total abaixo de 60%, juros de longo prazo inferiores a 6,4%, estabilidade cambial e bancos centrais politicamente independentes.
A Polônia e a Hungria não cumprem nenhum dos critérios de convergência, enquanto a Estônia e Lituânia são os novatos mais próximos de atendê-los. A inflação só é suficientemente baixa em quatro países, enquanto sete respeitam os limites de juros e endividamento. No entanto, a Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Chipre e Malta ainda têm um déficit público superior a 3%.
O Banco Central Europeu conclamou os países com endividamento crescente a consolidarem seus orçamentos. "Eles precisam mudar suas políticas, porque setores estatais inflados, altas taxas de desemprego e o envelhecimento da população implicam um aumento dos gastos públicos. Encarar o endividamento máximo de 60% como meta é um erro, já que se trata do limite", adverte o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet.
Déficit polonês dispara
Em 2004, o déficit público deve cair na Hungria e na República Tcheca, mas aumentar para 5,6% na Polônia. A Comissão Européia duvida que o governo polonês consiga atingir a meta de reduzir o déficit a menos de 3% até 2007, para entrar na zona do euro em 2009. A Hungria pretende preencher os critérios de convergência até 2008 e introduzir a moeda européia em 2010.
Sobretudo o crescente déficit público nos três maiores novos países-membros (Polônia, República Tcheca e Hungria) preocupa os investidores. Segundo os relatórios do BCE e da Comissão Européia, depois de haver recuado, em média, de 10% para 2% no período entre 1992 e 2002, o déficit nesses países volta a aumentar a passos largos.
Na maioria dos dez países, a inflação também ainda supera a taxa de referência de 2,4%. A Estônia, Lituânia e Eslovênia, que já aderiram ao mecanismo de conversão cambial da UE, querem entrar na zona do euro em 2007.
Bancos atrelados
O BCE também avaliou o quadro econômico da Suécia, cujo governo se comprometeu a introduzir o euro, mas ainda enfrenta a resistência da população, que rejeita a moeda. O país escandinavo preenche os critérios de inflação, juros e equilíbrio do orçamento, mas seu banco central ainda não é independente, o que ocorre também em oito dos dez novos países-membros.
Após a derrocada do comunismo no Leste Europeu, a maioria dos dez novos países da UE iniciaram suas reformas econômicas com as contas públicas praticamente equilibradas. Mas, hoje, a situação varia tanto de país para país que Trichet não arrisca qualquer previsão de quando qual país entrará na zona do euro.
Os ministros das Finanças da UE reuniram-se nesta quinta-feira (21/10), em Luxemburgo para discutir o problema do déficit público em vários países do bloco. O déficit na Holanda e a Grécia, por exemplo, deve chegar a 5,3% em 2004.