Altos preços do tabaco tornam atraentes cigarros falsificados
31 de julho de 2006Em um mercado a céu aberto na cidade tcheca de Cheb, bem na fronteira entre República Tcheca e Baviera, centenas de bancas de madeira comercializam produtos de marca: camisas da Adidas, óculos de sol Prada e bolsas Louis Vuitton, por um euro e pouco. Nada do que o comerciante vietnamita vende é original.
Um quarto do preço
Enquanto muitas pessoas procuram acessórios e roupas falsificadas, muitos outros estão interessados em outra coisa – cigarros. Para ser atendido, é preciso pedir diretamente aos vendedores.
Pacotes de Marlboro, por exemplo, são vendidos por 18 euros, mas o comprador geralmente pode negociar, baixando para 12 ou até mesmo dez euros. No resto do país, o mesmo produto sairia por 40 euros.
Como as bolsas Louis Vuitton, estes cigarros são também imitações baratas. Uma comparação com a embalagem original revelaria até mesmo erros nas etiquetas de alerta à saúde.
Não é de impressionar que a indústria do cigarro seja mal organizada. Com as altas taxas sobre o tabaco, proibições e regulamentações de proteção aos não-fumantes, ela já está de costas contra a parede.
"Você nunca sabe o que eles contêm", disse Andrea Winkhardt, da Associação da Indústria do Cigarro, referindo-se as cigarros piratas. "Isso pode incluir pesticidas usados em plantações de tabaco, por exemplo."
Mais perigosos
Muitos estudos independentes mostraram que cigarros falsificados são de fato mais perigosos que os verdadeiros porque contêm tabaco de baixa qualidade ou até mesmo dejetos.
No entanto, a indústria do cigarro não está preocupada apenas com a saúde dos consumidores – a questão também diz respeito a negócios. Cigarros falsificados não são vendidos apenas nas fronteiras tcheca ou polonesa, eles também são contrabandeados dentro da Alemanha em grandes quantidades, resultando em perdas gigantescas para a indústria.
À medida que os cigarros na Alemanha se tornam mais caros, mais atraentes tornam-se o contrabando e a falsificação. "Os cinco aumentos nos impostos sobre produtos do tabaco em quatro anos diminuíram nossos lucros em um terço", reclama.
Fronteiras abertas para os contrabandistas
Com a expansão da União Européia, o fato de as fronteiras estarem se tornando mais abertas faz a luta contra o contrabando ficar mais difícil. Logo, o Tratado de Schengen, o qual remove a maioria dos controles de fronteira entre os países da UE, também será válido para a República Tcheca.
Franz Paulus é um investigador em uma unidade móvel que, até poucos anos atrás, inspecionava caminhões na fronteira Alemanha-República Tcheca. Ele e seus colegas dirigiam veículos civis ao longo da fronteira e, aleatoriamente, paravam caminhões suspeitos.
O olfato apurado de cachorros treinados e, às vezes, aparelhos portáteis de raios X, permitiam à alfândega descobrir produtos escondidos.
"Havia cigarros aqui também", disse Paulus, mostrando uma imagem de raio X. "Ele carregava sucata de alumínio no caminhão e se você olhasse atrás ou no topo, veria somente isso. Mas os cigarros estavam todos embaixo."
Contrabando na Alemanha
No ano passado, policiais da alfândega alemã confiscaram 735 milhões de cigarros contrabandeados, a maioria falsificados. Mesmo assim, os contrabandistas continuam um passo à frente dos investigadores.
A Associação da Indústria do Cigarro estima que um em cada seis cigarros fumados na Alemanha é contrabandeado.
Turistas alemães perambulam pelo mercado de Cheb com sacolas de plástico cheias de produtos. Muitos já descobriram o comércio de cigarros lá, mas não precisam se preocupar: a compra ainda não é ilegal.
A cada pessoa é permitido entrar na Alemanha com um pacote de cigarro para consumo próprio, independentemente se o produto dentro for verdadeiro ou falsificado.