Ampla aliança reivindica redistribuição de renda na Alemanha
4 de agosto de 2012"Redistribuir", "tributar a riqueza". As reivindicações trazidas nas faixas do novo movimento social na Alemanha não são inéditas, porém ganharam nova formulação e um design atraente. A iniciativa se denomina "Umfairteilen" – jogo de palavras em alemão que combina umverteilen (redistribuir) e fair (de forma justa).
A ampla aliança nacional, formada por numerosas organizações, apresentou-se ao público pela primeira vez nesta sexta-feira (03/08). Trata-se de uma iniciativa da ONG Attac, formada por críticos da globalização e do capitalismo. Sua exigência central é que os proprietários de grandes fortunas compartilhem os custos da crise financeira, liberando da carga os mais fracos da sociedade.
"Ninguém fica rico por si só"
O presidente do Partido Social Democrático, Sigmar Gabriel, logo reconheceu paralelos com programas passados de sua facção política e filiou-se imediatamente ao movimento. Ele exige dos ricos da Alemanha mais "patriotismo social".
Falando ao jornal Süddeutsche Zeitung, o oposicionista explicou: riqueza geralmente se origina de uma grande performance pessoal. Mas, por outro lado, ninguém fica rico por si só. "A coisa também depende de uma nação com bom sistema educacional, Estado de direito e paz social". Por isso, é justo exigir mais dos ricos.
Gabriel enumera uma lista de reivindicações, como o cancelamento dos subsídios no direito tributário alemão, maior taxação de capital, fortunas e heranças, além da elevação de alíquota máxima do imposto de renda do país, que atualmente é de 45%.
Também no Süddeutsche Zeitung, o líder do partido A Esquerda, Bernd Riexinger, reivindicou que a "riqueza supérflua na mão de poucos" seja "bombeada e canalizada para a economia real". Também o Banco Central Europeu (BCE) deveria passar a só comprar títulos públicos de países que introduzam um imposto sobre grandes fortunas.
Ulrich Schneider, diretor-gerente de uma das integrantes da Umfairteilen, a Paritätischer Wohlfahrtsverband – confederação que reúne mais de 10 mil organizações, instituições, e grupos independentes do setor social e de saúde na Alemanha – observou que a atual situação é de encruzilhada: ou se redefine o sistema de taxação de renda, ou o Estado social do país estará condenado.
Rechaço liberal-conservador
Já entre os integrantes da coalizão do governo, formada por democrata-cristãos e liberais (CDU/CSU-FDP), a iniciativa em prol de justiça e "patriotismo" social desencadeou rechaço imediato e violento.
O secretário-geral do Partido Liberal Democrático (FDP), Patrick Döring, ironizou: "O 'remédio desapropriação' segue sendo a droga favorita da esquerda política, mas ele é totalmente maléfico para a nossa economia nacional".
Hans Michelbach, presidente da União das Médias Empresas, mantida pela União Social Cristã (CSU), acusou a "coalizão dos redistribuidores de renda" de "fomentar complexos de inveja usando dados falsos". Quanto a impostos mais altos para os mais abastados ele afirmou: "Os resultados dessa política de extorsão serão recessão, perda de postos de trabalho e mais desempregados" alarmou Michelbach.
AV/dw,dapd,epd,rtr
Revisão: Mariana Santos