Antanas Mockus
28 de maio de 2010A principal novidade da eleição presidencial na Colômbia, que se realiza neste domingo (30/05), é o papel da rede social Facebook na campanha do candidato Antanas Mockus, ex-prefeito de Bogotá por duas vezes e candidato dos Verdes, partido de centro-esquerda.
"Na Colômbia, nunca tínhamos observado que as redes sociais e a internet tivessem uma importância tão grande como a que têm agora nesta campanha presidencial", afirma Laura Jaramillo, do lasillavacia.com, um portal colombiano jornalístico independente, voltado para análises e investigação.
Mas o que realmente surpreende é que a campanha de Mockus, pela internet, foi impulsionada pelos próprios usuários, em sua maioria jovens, e não obedece a nenhuma estratégia dos assessores do candidato.
Maior transparência
"Com a ajuda dos meios de comunicação sociais, criam-se novas formas de espaços públicos, que se diferem dos sistemas tradicionais como a televisão, a imprensa escrita e o rádio", diz Markus Beckedahl, editor do netzpolitik.org, um dos blogs sobre a ligação entre política e internet mais reconhecidos da Alemanha.
"Nas redes sociais, as pessoas se expressam sobre política, fazem campanha e compartilham informação sem nenhum tipo de filtro. A difereça da comunicação tradicional é que, agora, são os próprios cidadãos que fazem a campanha. É um nível de participação mais transparente, porque elimina o intermediário na transmissão da mensagem", analisa Jaramillo.
Internet: nova praça pública para a política
No caso do candidato Antanas Mockus, os números falam por si, deixando claro a força desta nova e eficaz ferramenta. Nenhum outro candidato na Colômbia tem tantos seguidores como ele. Segundo o portal de estatísticas Facebakers.com, Mockus é o sétimo político mais popular do Facebook em nível mundial, com cerca de 700 mil fãs.
Ele é também o único latino-americano entre os 15 nomes iniciais desta lista, cujo primeiro lugar é ocupado pelo presidente norte-americano, Barack Obama, que ao lado de Sarah Palin, Michelle Obama e alguns políticos asiáticos antecedem o candidato à presidência da Colômbia no ranking.
Com um crescimento de 60% em abril em sua página do Facebook, o que equivale a 255.322 novos seguidores, Mockus chegou ao segundo lugar na lista dos políticos que mais ganharam fãs em todo o mundo num único mês.
"As redes são uma praça pública impressionante", diz Jaramillo. Mas é preciso esclarecer que esta é adotada e posta em prática pelos próprios usuários. São eles mesmos que convocam marchas ou flash mobs a favor de Mockus, elaboram e doam peças publicitárias para a campanha. "As pessoas estão interagindo com a informação", complementa a jornalista.
Para Beckedahl, isso significa que "atualmente, os políticos quase não chegam aos jovens através dos meios tradicionais, mas sim pela internet. Se um candidato sabe aproveitar as redes sociais para sua campanha, ele tem grandes possibilidades de mobilizar muitos jovens", comenta.
Jovens e abstenção
Na Colômbia, o número de usuários da internet cresce continuamente. Os 9.741.060 usuários do Facebook não existiam há quatro anos, por ocasião da última eleição presidencial. A idade dos usuários de redes sociais, como o Facebook e o Twitter, varia de 18 a 35 anos no país.
Mesmo melhor representados nas redes sociais, esses jovens costumam ser menos presentes em termos eleitorais. "Tradicionalmente os jovens têm os níveis mais altos de abstenção eleitoral e muitos deles nunca votaram", observa a jornalista do lasillavacia.com. Por outro lado, este fenômeno acontece porque "Mockus é o tipo de personagem atraente para a rede. Os jovens gostam dele, pois ele representa mudança", diz Jaramillo.
Prefeito bem-visto
Antanas Mockus é um acadêmico por natureza. Matemático e doutor em Filosofia, filho de pais lituanos educados na Alemanha, é conhecido na Colômbia não apenas por seus atos simbólicos, que às vezes beiram a loucura, como ter abaixado as calças na frente de 500 estudantes em 1993, quando era reitor da Universidade Nacional, mas também porque ele consegue fazer com que o escutem.
Ex-prefeito de Bogotá por duas vezes, melhorou os índices de segurança na cidade, com redução de homicídios e saneamento financeiro, entre outros feitos. Suas medidas não foram sempre populares, mas graças a elas ele conseguiu mudar a imagem da cidade.
Para os analistas e especialistas em política, a grande questão é se os seguidores do Facebook e outras redes sociais irão realmente representar votos para o candidato. "Como esse é um fenômeno novo, não se sabe o que vai acontecer", admite Jaramillo.
Autora: Cristina Mendoza Weber (sv)
Revisão: Alexandre Schossler