Após derrota, Macri anuncia pacote econômico
14 de agosto de 2019O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta quarta-feira (14/08) uma série de medidas econômicas para tentar reverter sua desvantagem na disputa por um novo mandato e minimizar a reação do mercado, que reagiu mal ao resultado das eleições primárias no país.
No último domingo, a candidatura do liberal Macri ficou mais de 15 pontos percentuais abaixo da chapa composta por Alberto Fernández e pela ex-presidente Cristina Kirchner, que diante do resultado tem chance de vencer as eleições presidenciais de outubro já no primeiro turno.
Desde a derrota de Macri, o peso argentino despencou, o risco-país atingiu nível recorde e o índice Merval, o principal da Bolsa de Comércio de Buenos Aires, registrou uma queda de 37,93% na segunda-feira, um dos piores desempenhos de sua história.
O pacote econômico, segundo o presidente, trará "alívio" a 17 milhões de trabalhadores e também a pequenas e médias empresas. Macri disse que deu preferência à aprovação de reformas estruturais para ter uma economia de base sólida, e afirmou ter ouvido o recado dos argentinos nas urnas e resolvido atendê-los.
"As medidas que tomei e que vou compartilhar agora são porque os escutei. Escutei o que quiseram dizer no domingo", declarou o líder argentino.
Entre as medidas estão um aumento no salário mínimo, ainda sem especificar o novo valor; bônus salariais para funcionários públicos e da iniciativa privada; alívio da carga tributária para a classe média; uma moratória nas dívidas tributárias para pequenas e médias empresas; e o congelamento dos preços dos combustíveis por 90 dias.
No discurso para anunciar o plano, Macri deu poucos detalhes sobre como o pacote será financiado e deu bastante ênfase ao aspecto político de suas medidas. O presidente afirmou que fez uma autocrítica.
"Muitos argentinos, depois de um ano muito duro, disseram 'não posso mais'. Sentiram que o que lhes pedi foi muito difícil. E hoje estão cansados, irritados. Chegar ao fim do mês virou uma coisa impossível para muitos", disse Macri sobre a crise enfrentada pelo país.
O candidato à reeleição pela coalizão Juntos pela Mudança pediu que os argentinos se lembrem do trabalho feito pela sociedade nos últimos anos e não duvidem de que houve avanços importantes desde sua chegada ao poder em dezembro de 2015.
"Nestas últimas 48 horas ficou claro que a incerteza política causa muito prejuízo, e isso nos obriga a sermos responsáveis", destacou Macri, citando a turbulência no mercado financeiro após a vitória de seu principal opositor, Alberto Fernández, nas primárias.
Fernández, que obteve 47% dos votos no domingo, contra 32% de Macri, disse nesta quarta-feira que as medidas econômicas propostas pelo atual presidente chegaram tardiamente.
"Precisou que dois terços votassem contra para que ele se desse conta do que tinha feito na Argentina", criticou o candidato. Ele, contudo, admitiu: "Foi positivo que o presidente tenha se dado conta que aniquilou a capacidade de consumo dos argentinos e tenta reavivá-la, mas se trata de uma postura adotada por necessidade eleitoral e não por convicção."
JPS/efe/lusa
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