Armas não são a solução
10 de junho de 2003O parecer anual dos institutos alemães de pesquisa da paz apresenta considerações claras: os Estados Unidos estão realizando uma perigosa militarização. A guerra no Iraque foi um erro grave, sem qualquer legitimação. Frente a esses fatos, os europeus precisariam fazer oposição aos planos americanos.
Pela primeira vez, o relatório foi apresentado e discutido junto à mesa diretora do Parlamento, o que denota o grau de valorização e credibilidade atingido no decorrer dos anos. Corinna Hauswedell, do Centro Internacional de Conversão, com sede em Bonn, abordou o tema central do documento.
"Tudo indica que, passados dez anos do fim do conflito entre o Ocidente e Oriente, o mundo ocidental está se desestruturando", afirmou a especialista, citando o fato de a superpotência americana ter conseguido impor a nova ordem mundial com ideologias próprias, decidindo através da força militar o futuro de seus desafetos. "Isto preocupa os pesquisadores da paz."
A atitude americana é condenada no relatório que acusa os EUA de terem violado os direitos humanos no que concerne à proibição do uso da violência. Além disso, o governo americano estaria ignorando acordos internacionais, como os de desarmamento. Outro exemplo seria o desprezo de Washington perante o Tribunal Penal Internacional.
Segurança global
A União Européia deveria assumir uma postura mais ativa e fortalecer seu papel nas Nações Unidas, contribuindo para a implementação de uma política de defesa mais moderna, sem o uso da violência militar. Para os especialistas, segurança e desenvolvimento precisam ser administradas de forma única. Neste sentido, é importante considerar a preservação do meio ambiente e de tudo aquilo que compromete o bem-estar social como quesitos que devem ser incluídos nos planos de garantia da estabilidade mundial.
Gigante oculto
Há quem defenda uma militarização européia para fazer frente aos Estados Unidos, especialmente após a guerra no Iraque. A justificativa é de que, somente assim, a União Européia estaria a altura dos americanos para futuras negociações. Hauswedell considera falso este tipo de pensamento.
"A UE não está desmilitarizada nem tem poucas despesas com isso. Em comparação com os Estados Unidos, os países da UE são entretanto anões militares. Mas em relação a outros países e considerando os gastos de 160 bilhões de euros com o aparato de defesa militar e 1,8 bilhão com os soldados, a União Européia é um gigante", concluiu a especialista.
Apoio às missões de paz
Os relatores do documento aprovam a participação das Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) na missão internacional de paz no Congo e também sustentam a presença de soldados alemães e europeus junto às tropas da ONU no Oriente Médio.
O agrupamento militar substituiria a tropa israelense estacionada nos territórios ocupados da Palestina, contribuindo para consolidação do processo de paz, bem como para o fim da violência e do terrorismo na região. O ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, declarou que a Alemanha vai continuar apoiando os esforços em prol da paz no Oriente Médio.