Arquitetura dos edifícios do Guggenheim é uma atração à parte
24 de julho de 2006Hilla von Rebay procurava "homem guerreiro, amante do espaço, agitador, experimentador e sábio". Foi assim que ela encontrou Frank Lloyd Wright. Von Rebay era a curadora da coleção de Solomon R. Guggenheim, que queria construir um museu para expor seu acervo.
Wright desenvolveu um projeto que cumpria todas as suas expectativas por uma concepção radicalmente nova. Não era apenas a forma de uma espiral, estreitando-se para baixo, como uma casa de caracol caída: inovador era também o visitante não passar mais de sala em sala, mas sim seguir um trajeto em espiral de cima para baixo.
De início, os artistas temiam que a arquitetura espetacular acabasse colocando as próprias obras em segundo plano. "Pelo contrário", respondeu Wright às suas críticas. "Edifício e pinturas constituem juntos uma sinfonia ininterrupta, belíssima, nunca vista antes no mundo da arquitetura." Mas Wright não pôde comprovar sua opinião.
Quando a construção foi concluída, em 1959, tanto o arquiteto quanto seus empregadores já haviam falecido. Anos mais tarde, constatou-se que não apenas a estrutura externa da construção era ousada, assim como sua estática. Pouco após a conclusão das obras, o concreto já apresentava rachaduras. Desde 2005, o prédio passa por uma trabalhosa reforma.
A filial do Guggenheim em Bilbao, País Basco, não é menos audaciosa do que a construção nova-iorquina de Wright. O conjunto de formas geométricas de titânio e vidro, às margens do Nervión, tornou-se um dos mais importantes pontos turísticos da cidade.
Já em seu primeiro ano de existência, a construção do norte-americano Frank O. Gehry recebeu mais de um milhão de visitantes. Desde 1997, o museu já injetou mais de um bilhão de euros na economia da antiga cidade industrial. Logo, passou-se a falar do "efeito Bilbao": uma cidade consegue superar a depressão pós-industrial com uma obra para cultura.
Música do futuro
Um efeito como esse espera Taichung, em Taiwan. A cidade, que é a terceira maior do país, fez logo três encomendas a estrelas da arquitetura mundial: um pavilhão desenhado por Frank O. Gehry, uma casa de concertos de Jean Nouvel e uma filial do Guggenheim da londrina Zaha Hadid.
Segundo o projeto, a asa oeste do museu deverá ser móvel, podendo assumir diversas posições, sobre colchões de ar ou ao longo de trilhos. No interior da construção uma plataforma se movimentará entre o primeiro e o segundo andares. Mas ainda não é certo se o edifício em meandros saiará do papel. A cidade teme uma explosão dos custos e, por isso, hesita em financiar uma obra de tão grandes proporções.
O mesmo aconteceu com o projeto de Frank O. Gehry para um novo edifício em Nova York e o de Jean Nouvel para um Guggenheim no Rio de Janeiro. Os 950 milhões de euros para o projeto de Gehry, às margens do East River, não poderão ser cobertos pela Fundação Guggenheim e, no Brasil, surgiu logo resistência ao projeto "estrangeiro".
A cidade precisará arcar sozinha com os custos e os riscos, dizem os críticos. Em uma área de 23 mil metros quadrados, sobre um grande pier, o projeto prevê a construção de um museu e um jardim com vegetação tropical, uma cachoeira e pavilhões de exposição em diversas formas geométricas. Pouco antes do início das obras, um juiz decretou a suspensão do projeto por conta de "irregularidades" no contrato entre a cidade e a Fundação Guggenheim. A cidade anunciou que vai apelar da decisão.