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Mercado de arte

6 de outubro de 2011

A crise financeira e de endividamento tem tirado o sono de vários investidores, que, no momento, preferem aplicar seus recursos em ouro ou imóveis. Há, contudo, outras aplicações mais criativas para o dinheiro.

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Opção de investimento em tempos de crise: obras de arte
Opção de investimento em tempos de crise: obras de arteFoto: AP

O mercado internacional de artes cresceu assustadoramente nos últimos anos. As grandes casas de leilões, como a Christie's ou a Sotheby's, são as que mais se beneficiam disso. No primeiro semestre de 2011, a Sotheby's registrou os melhores negócios de sua história, na contabilidade semestral, com um total de 3,4 bilhões de dólares. "É um sinal de força do mercado de artes", explica Gallus Pesendorfer, diretor do escritório da Sotheby's em Colônia, na Alemanha.

Outros que se beneficiam também da evolução deste mercado são os proprietários de obras, dispostos, no momento, a vender os seus tesouros. Somente neste ano, 440 objetos de arte mudaram de proprietário através da Sotheby's – cada um custando mais de 1 milhão de dólares. Há poucos anos, tudo era muito diferente. Durante a crise financeira e econômica de 2008, o mercado de arte reagiu de maneira visivelmente reservada.

Falta de confiança nos bancos

Gallus Pesendorfer: diretor do escritório da Sotheby's em Colônia
Gallus Pesendorfer: diretor do escritório da Sotheby's em ColôniaFoto: Sotheby's/Sandra Hauer

Segundo Pesendorfer, nunca houve, de fato, uma crise no mercado de arte. O que ocorreu foi, em sua opinião, mais uma insegurança dos clientes, que perderam a confiança nos bancos. "Tive conversas ao telefone com clientes que diziam: 'eu gostaria de vender minhas obras, mas não sei o que fazer com o dinheiro, não sei como aplicar'", conta o austríaco. 

A ideia de comprar arte como forma de investimento financeiro não é nova. Bancos privados e administradores de patrimônio aconselharam, há alguns anos, seus clientes a investir neste mercado.

Para aqueles que não podiam arcar com a compra de obras inteiras, havia até mesmo a opção dos fundos de investimento em arte e as participações, junto a outros investidores, na compra de obras caras.

Hoje, várias instituições de crédito já abandonaram os negócios com a arte. Para os bancos, as transações não eram lucrativas o suficiente, pois são poucos os clientes que podem se dar ao luxo de investir milhões em arte. Além disso, os negócios com a arte não são menos arriscados que aqueles com ações. E precisam sobretudo de tempo.

Cautela na hora da compra

Obras de valores estáveis, segundo os especialistas, são sobretudo aquelas dos antigos mestres ou dos impressionistas, ou seja, de artistas que já têm seus lugares garantidos nos cânones da história da arte. Quanto mais um investidor se aproxima da arte contemporânea, mais arriscados se tornam os negócios. "Certo é que os valores das obras de alguns artistas contemporâneos não se mantêm tão estáveis quanto o previsto", observa Pesendorfer. Entretanto, os mestres clássicos da arte contemporânea, como Bacon ou Warhol, já têm, sem dúvida, seus lugares na história da arte, podendo ser vistos como autores de obras de valor estável no mercado.

'200 One Dollar Bills', de Andy Warhol: valores recordes
'200 One Dollar Bills', de Andy Warhol: valores recordesFoto: picture-alliance/ dpa

Obras de arte assinadas por artistas de renome podem ser cotadas a somas milionárias em leilões. 200 One Dollar Bills (200 notas de um dólar), do norte-americano Andy Warhol, tinha em meados dos anos 1980 o valor de 385 mil dólares. Há poucos anos, a obra foi leiloada por mais de 40 milhões de dólares – um valor mais de 100 vezes maior num espaço de tempo de 25 anos. Mesmo assim, quem se interessa por esse mercado não deve simplesmente sair por aí comprando, adverte Pesendorfer. É necessário nutrir uma certa paixão pela arte.

"Os clientes deveriam pensar naquilo que lhes agrada pessoalmente, aí informarem-se e só então comprar", recomenda Pesendorfer. Em tempos nos quais nem mesmo os títulos públicos são considerados seguros, os investidores de peso procuram formas alternativas de investimento. E, caso a obra adquirida não renda mais tarde tanto quanto o prometido na hora da compra, pelo menos eles terão um quadro valioso na parede de casa, para deleite próprio.

Autor: Chi Viet Giang (sv)
Revisão: Carlos Albuquerque