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Ataque na Síria opõe Rússia e Ocidente

6 de abril de 2017

Bombardeio que matou ao menos 80 abre guerra de versões: Moscou defende Assad e atribuí tragédia a erro, enquanto líderes ocidentais, como Merkel, denunciam barbárie por parte do regime. Divisão se reflete na ONU.

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Syrien Idlib Giftgasangriff
Voluntários ajudam vítimas do ataque químico na SíriaFoto: picture-alliance/ZUMA Wire/Syria Civil Defence

Em meio ao impasse na ONU sobre uma resolução que pede uma investigação e condena o recente uso de armas químico na Síria, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, responsabilizou nesta quinta-feira (06/04) o regime de Bashar al-Assad pelo bombardeio, classificado por ela como uma barbárie.

"Infelizmente, tudo indica que o ataque partiu do regime de Assad", disse Merkel, que acrescentou que o mesmo se aplica para o bombardeio a um hospital que recebeu as vítimas.

O ataque na cidade de Khan Cheikhoun, sob controle rebelde, é considerado o mais mortífero da guerra civil em quase quatro anos. Ao menos 80 civis, incluindo 27 crianças, morreram e mais de 500 pessoas ficaram feridas. Entre os sintomas, problemas respiratórios, asfixia, vômitos e desmaios.

Ataque químico deixa dezenas de mortos na Síria

Sem citar Moscou, contrária à proposta de resolução sobre o ataque, Merkel disse que é uma vergonha se o documento, elaborado pelo Reino Unido, França e EUA, não for aprovado pelo Conselho de Segurança da ONU.

"Aqueles que recusam [a proposta] precisam refletir sobre como arcar com a responsabilidade", frisou a chanceler.

Um eventual veto da Rússia também foi criticado pela França. O embaixador do país na ONU, François Delattre, afirmou que Moscou enfrentará a responsabilidade diante a história se optar por ir contra a maioria dos membros do Conselho de Segurança.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, alertou nesta quarta-feira que o país pode tomar medidas unilaterais caso as Nações Unidas falhem na resposta ao suposto ataque.

Investigação internacional

Síria e Rússia negam o uso de armas químicas no bombardeio na província de Idlib. Moscou, em defesa do aliado, disse que o ataque aéreo sírio teria atingido um "armazém terrorista" contendo "substâncias tóxicas" e alegou que o uso deste tipo de arsenal por rebeldes é comprovado por organizações internacionais.

O Ministério da Saúde da Turquia afirmou nesta quinta-feira que análises iniciais em amostras das vítimas revelaram que elas foram expostas ao gás sarin, que atinge o sistema nervoso e é altamente tóxico. O país também culpa o regime sírio pelo ataque.

Diante da pressão, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pediu que seja realizada uma investigação internacional "exaustiva e imparcial" sobre o ataque químico e considerou "inadmissível" lançar "acusações infundadas" enquanto os fatos não forem investigados.

A Rússia condena ainda as acusações ao regime de Assad. Segundo o Kremlin, essas acusações beneficiariam principalmente os inimigos do governo legítimo na Síria e os grupos terroristas, em alusão ao "Estado Islâmico" e à Frente al-Nusra.

Além Merkel, líderes dos Estados Unidos, França e a chefa da diplomacia da União Europeia culparam o presidente sírio pelo uso de armas químicas durante o bombardeio. O ataque gerou uma onda de condenações.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse nesta quinta-feira que, se comprovada a participação do governo no ataque, isso mostrará a "barbárie" da atuação do regime. A premiê sustentou que  "todos os que estão apoiando o governo de Assad, incluindo a Rússia", deveriam usar sua influência para "conter os bombardeios".

CN/rtr/dpa/ap/afp/efe