Atirador responderá por nove mortes em Charleston
19 de junho de 2015A polícia americana afirmou nesta sexta-feira (19/06) que o atirador Dylann Roof, de 21 anos, responderá na Justiça pelas mortes de nove pessoas na Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel da cidade de Charleston. Ao abrir fogo contra os fiéis, a intenção de Roof, que confessou o crime, era incitar um conflito racial nos Estados Unidos, segundo fontes policiais.
O caso está sendo investigado pelo FBI e pela divisão de direitos civis do Departamento americano de Justiça como crime de ódio e possível crime de terrorismo doméstico. Roof responderá também por posse de arma para cometer crime violento. Em entrevista ao canal de televisão NBC, a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, defendeu que o atirador seja condenado à pena de morte.
"Conversamos com alguns investigadores, eles disseram ter visto maldade nos olhos dele [Roof]. Foi um crime de ódio, sem dúvida", afirmou Haley.
Antes de atacar as pessoas que participavam de um grupo de estudo na igreja, uma das mais antigas frequentadas pela comunidade negra nos EUA, Roof chegou a se sentar com os presentes por cerca de uma hora, segundo a polícia. Entre as nove vítimas do massacre – seis mulheres e três homens, entre 26 e 87 anos de idade – está o pastor Clementa Pinckney, figura importante da comunidade negra local e senador democrata pela Carolina do Sul.
Roof foi preso na vizinha Carolina do Norte após denúncia do amigo de infância Joseph Meek, de 20 anos, que reconheceu o atirador em imagens divulgadas pela polícia e avisou o FBI. Segundo Meek, o amigo, com o qual ele recentemente havia retomado contato, havia se tornado um racista declarado, reclamando que "os negros estão tomando conta do mundo" e defendendo que "alguém precisa fazer alguma coisa pela raça branca".
"Supremacia branca"
O interesse de Roof por uma supremacia branca está registrado em sua página no Facebook, onde ele exibe fotos posando com uma bandeira dos Estados Confederados da América (unidade política formada por estados do sul dos EUA, notoriamente agrários e escravistas, em 1861).
Ele também pode ser visto vestindo uma jaqueta com as bandeiras da África do Sul na época do apartheid e da antiga Rodésia, um Estado africano não reconhecido e governado por uma minoria branca no território do atual Zimbábue. Esses dois regimes são admirados nos EUA por supremacistas brancos.
A chacina na igreja em Charleston é o mais recente episódio em uma onda de crimes contra a comunidade negra nos Estados Unidos, que vem provocando um debate nacional sobre a questão racial no país e sobre o sistema criminal.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou os assassinatos sem sentido" na igreja da comunidade negra de Charleston, apelando novamente para um melhor controle da venda de armas de fogo. Obama disse ser "particularmente doloroso" assistir a um tiroteio "num local em que se procura reconforto e paz, um lugar de oração". O presidente conhecia o pastor que foi morto na igreja, ao lado de fiéis.
"Mais uma vez, inocentes foram mortos em parte porque alguém que queria infligir dor não teve dificuldades em arranjar uma arma", declarou Obama, ao lado do vice-presidente Joe Biden. "Sejamos claros: em algum momento, nós, como nação, teremos de admitir que esse tipo de violência não acontece em outros países desenvolvidos, isso não acontece com a mesma frequência", disse.
MSB/rtr/ap/dpa