Pobreza
18 de maio de 2008O abismo entre as classes sociais na Alemanha se acentuou nos últimos anos. Segundo relatório divulgado pelo governo do país, a ser apresentado nesta segunda (19/05), em Berlim, aproximadamente 25% da população só consegue escapar da pobreza através de auxílios governamentais.
Precisamente 13% dos habitantes do país são considerados pobres e uma percentagem praticamente idêntica só não cai na pobreza graças a benefícios como o Kindergeld (abono familiar para filhos) e o seguro-desemprego. Por outro lado, os ricos se tornam cada vez mais ricos e "a tesoura entre ricos e pobres abre-se cada vez mais", observa Olaf Scholz, ministro do Trabalho.
Mais gente ganhando pouco
Os casos mais preocupantes para o governo são os daqueles que, apesar de um trabalho regular, continuam sob risco de pobreza. "Isso mostra que temos salários muito baixos na Alemanha e precisamos da implementação de salários mínimos", afirma o ministro social-democrata.
Por outro lado, o governo realça a importância dos benefícios sociais como o seguro-desemprego, o auxílio família e auxílio moradia, sem os quais mais 13% da população entraria para a categoria ofical dos "pobres". Os desempregados de longo prazo e as mães que criam filhos sozinhas são as categorias mais atingidas pelo empobrecimento. "Quando os pais trabalham, o risco de pobreza diminui, oscilando em torno dos 4%", aponta Scholz.
Impossibilidade de mudança
Segundo o ministro, mesmo que o governo tenha "a forma física" da pobreza sob controle, ou seja, que o número de desabrigados seja reduzido no país, a situação daqueles que se vêem forçados a contar cada centavo é bastante desconfortável. "O pior é a sensação de que não posso mudar nada na minha situação, que não tenho chance alguma de melhorar de vida", lamenta o ministro.
Para ser considerado "rico" nas estatísticas alemãs, uma pessoa deve ter um salário líquido por mês superior a 3.418 euros. No caso de um casal com duas crianças, esse valor sobe para 7.178 euros mensais. Já pobres, segundo a definição da União Européia, são os que ganham menos de 60% da renda média do país, ou seja, 781 euros por mês.
Resultado da política
Políticos da oposição aproveitam a divulgação do relatório para lembrar que "os números alarmantes não caem do céu, mas são resultado da política verde-social-democrata do governo anterior e da coalizão de governo entre democrata-cristãos e social-democratas", atualmente no poder.
Para Scholz, esses dados mostram como o governo não poderia nem cogitar reduzir os impostos, como sugerido pelos conservadores da União Social Cristã (CSU). Caso isso acontecesse, "teríamos apenas duas saídas", diz o ministro: "Ou aumentando violentamente a dívida pública ou deixando os aposentados e desempregados à deriva. E nada disso pode acontecer", finaliza.