Antiguidade
12 de fevereiro de 2009O busto da rainha Nefertiti, em exposição atualmente no Museu Antigo de Berlim (Altes Museum), é uma das principais atrações turísticas da capital alemã. O busto foi descoberto em 1912 por arqueólogos alemães do Instituto Alemão do Oriente, responsável pela escavação em Amarna, antiga capital faraônica.
Quase cem anos após o busto da esposa do faraó Akhenaton (1340-1324 a.C) ter deixado o Egito, novas especulações sobre possíveis falcatruas que seu descobridor, o egiptólogo alemão Ludwig Borchardt, teria utilizado para levá-la para a Alemanha reforçam o desejo egípcio de reaver a famosa estátua.
Acusações de fraude
Segundo o site Spiegel Online, um documento encontrado nos arquivos do Instituto Alemão do Oriente, que fazia escavações sob a direção de Borchardt em Amarna, antiga capital do Egito da época de Akhenaton, sugere que Borchardt teria deliberadamente escondido o valor da peça a Gustave Lefebvre, então diretor do Conselho de Antiguidades do Egito.
Escrito em 1924, o documento relata um encontro entre Ludwig Bochardt e Gustave Lefebvre que aconteceu em 20 de janeiro de 1913 por ocasião da divisão das peças.
Além de ter escondido o busto no fundo de uma caixa num quarto onde Lefebvre estava examinando os achados de Amarna, o documento afirma que Bochardt teria apresentado uma foto bastante ruim do busto de Nefertiti e teria dito que se trataria de uma escultura de gesso, escondendo assim o seu real valor.
Egípcios querem peça de volta
O governo alemão sempre rejeitou as exigências egípcias de devolução do busto, feito pelo escultor Tutmósis. A Fundação do Patrimônio Cultural Prussiano (SPK), proprietária da obra, revidou na quarta-feira (11/02), o artigo publicado no Spiegel Online no dia anterior.
Segundo a SPK, a afirmação de que a obra encontrada em Amarna não teria sido transportada de forma legal para a Alemanha é falsa. Borchardt não teria de forma alguma tentado enganar Lefebvre, a partilha das peças teria sido feita de forma equitativa através de fotos e tiragem de amostra dos objetos, declarou a fundação.
Zahi Hawwas, atual secretário-geral do Conselho de Antiguidades do Egito, vê o caso com outros olhos. Hawwas afirmou nesta quinta-feira (12/02) no estúdio do Cairo da rede de TV pública alemã ARD que, caso os documentos que relatam a prática enganosa de Borchardt sejam verdadeiros, ele trará de volta a escultura para seu país – "e desta vez estou falando bem sério", declarou.