Baerbock promete apoio à Ucrânia apesar de pressão russa
10 de setembro de 2022A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou neste sábado (10/09), ao chegar em Kiev, que Berlim continuará apoiando a Ucrânia apesar da pressão da Rússia com a redução do fornecimento de gás. A ministra chegou à capital ucraniana para uma visita surpresa – a segunda desde que Moscou invadiu o país.
"Eu viajei para Kiev para mostrar que podem continuar confiando em nós. Vamos apoiar a Ucrânia enquanto for necessário, com entrega de armas, com ajuda humanitária e financeira", declarou Baerbock, num comunicado divulgado pelo Ministério alemão do Exterior.
Na avaliação da ministra, o presidente russo, Vladimir Putin, espera que a Alemanha se canse de se simpatizar com o sofrimento na Ucrânia. "Putin acredita que pode dividir nossas sociedades com mentiras e nos chantagear com o fornecimento de energia", afirmou, acrescentando que a estratégia do líder russo não irá funcionar.
"Há meses os ucranianos e ucranianas lutam por todo. Eles lutam contra a agressão russa, não só para defender o seu direito humano à paz e à liberdade, mas também para defender a nossa ordem de paz europeia", ressaltou Barbock.
Desde da imposição de sanções contra a Rússia devido à invasão da Ucrânia, Moscou suspendeu o fornecimento de gás a diversos países europeus. No início de setembro, a Rússia anunciou a suspensão completa do envio de gás para a Alemanha por tempo indeterminado, alegando supostos problemas técnicos.
Na quarta-feira, Putin ameaçou cortar o fornecimento de petróleo e gás aos europeus caso os preços dos combustíveis sejam limitados.
Ajuda na investigação de crimes de guerra
Na Ucrânia, Baerbock anunciou ainda que a Alemanha pretende ajudar Kiev a realizar operações de remoção de minas em antigas zonas de combate e "lançar luz sobre os crimes de guerra cometidos, em particular enviando peritos, incluindo um procurador", especificou.
Ao visitar um campo minado perto de Kiev, Baerbock afirmou que a remoção de minas é tão fundamental quanto o envio de armas para garantir a segurança daqueles que vivem em regiões que foram ocupados por tropas russas. A ministra acusou militares russos de utilizar as minas para matarem civis e contou que ouviu relatos de minas que foram encontradas em brinquedos dentro de casas após a retirada dos russos.
A ministra viajou para Kiev durante a noite num trem especial com uma pequena delegação. A agenda de Baerbock na capital ucraniana incluiu um encontro com o ministro do Exterior da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
Em 10 de maio, Baerbock foi a primeira representante do governo alemão a visitar a Ucrânia desde o início da guerra em 24 de fevereiro. O chanceler federal alemão, Olaf Scholz, esteve em Kiev em meados de junho, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, do primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, e do presidente da Romênia, Klaus Iohannis.
Apoio tímido no início da guerra
A atitude inicial hesitante da Alemanha em relação a Moscou após a eclosão da guerra em fevereiro e a falta inicial de apoio militar de Berlim a Kiev irritaram profundamente o governo ucraniano. Entretanto, a situação mudou. Scholz disse querer que o seu país assuma uma "responsabilidade especial" para ajudar a Ucrânia a fortalecer os seus sistemas de artilharia e defesa aérea.
Uma nova era nas relações bilaterais, menos tensa, parece estar ocorrendo, ilustrada pela iminente chegada de um novo embaixador ucraniano em Berlim. O antecessor, Andrij Melnyk, atacou a atitude tímida da Alemanha em relação à Rússia durante meses.
A ofensiva russa lançada em 24 de fevereiro na Ucrânia já levou quase 13 milhões de ucranianos a deixarem suas casas – mais de 6 milhões de deslocados internos e quase 7 milhões fugiram para os países vizinhos –, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A invasão russa foi condenada pela comunidade internacional, que tem respondido com envio de armas para a Ucrânia e sanções à Rússia em todos os setores. Segundo a ONU, a guerra já deixou mais de 5,5 mil civis mortos e 7,8 mil feridos, no entanto, avalia que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no final do conflito.
cn (Reuters, dpa, Lusa)