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Euro em baixa

16 de maio de 2010

Líderes europeus declaram que pacote de resgate a países endividados não é suficiente para pôr finanças europeias em ordem. Ministros das Finanças da zona do euro discutem em Bruxelas redução de dívidas na Europa.

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Trichet rebate críticas contra BCEFoto: AP

Em entrevista divulgada neste final de semana pela revista alemã Spiegel, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, declarou que, devido à montanha de dívidas e à debilidade da moeda europeia, os países da zona do euro se encontram "na pior situação desde a Segunda Guerra Mundial, e talvez até mesmo desde a Primeira".

"Vivenciamos e ainda estamos vivenciando, realmente, tempos dramáticos", disse Trichet. O presidente do BCE comparou a grave crise de uma semana atrás – quando os países-membros da União Europeia (UE) reagiram com um pacote de resgate de 750 bilhões de euros para salvar a economia debilitada de alguns países-membros do bloco – com a falência do banco norte-americano Lehman Brothers, em setembro de 2008.

Por esse motivo, Trichet exigiu um "salto quantitativo no controle recíproco da política econômica na Europa" e declarou que são necessárias "sanções efetivas no caso de violações contra o pacto de estabilidade e crescimento".

O presidente do BCE também fez alusão aos programas de austeridade com os quais se comprometeram os chefes de governo da UE: "Eles assumiram o compromisso de acelerar a consolidação de seus orçamentos. Eles sabem o que está em jogo".

Euro em baixa

Na esperança de aliviar a pressão sobre a moeda europeia, a UE aprovou o pacote bilionário para ajuda a países enfraquecidos da zona do euro. No entanto, até o início desta semana, o pacote de resgate não conseguiu acalmar os mercados financeiros, o euro caiu para o nível mais baixo desde 2006.

Além das dúvidas em torno do sucesso das medidas de austeridade econômica na Europa, a inquietação nos mercados foi gerada pelo anúncio do primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, de que a economia espanhola não atingirá a esperada meta de crescimento de 1,8% em 2011.

BCE na berlinda

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Euro: cotação mais baixa desde 2008Foto: AP

Em meio à pior crise da união monetária, o Banco Central Europeu luta por sua credibilidade. O banco sofre críticas por ter posibilitado, com a compra de títulos de dívida soberana, as garantias bilionárias concedidas pelos países da zona do euro para a estabilização de sua moeda.

Dessa forma, o BCE injeta bilhões no mercado, o que implica perigos inflacionários. Especialistas veem aí uma evasão de reservas do banco e uma rendição à política. "Há o perigo de o euro se tornar uma moeda fraca", advertiu o ex-presidente do BCE, Karl Otto Pöhl.

No entanto, o atual presidente do banco europeu rechaçou tais temores. O BCE irá absorver novamente "cada euro" dessa liquidez adicional, disse Trichet. Ele acresceu que o BCE toma suas decisões de forma completamente independente e que já se posicionou, no passado, contra a postura de chefes de governo na Europa.

Freio no endividamento

Em consequência da instabilidade financeira, o vice-premiê e ministro austríaco das Finanças, Josef Pröll, exigiu um "freio no endividamento" europeu. "Isso levaria a uma clara restrição de novas dívidas, a uma rígida disciplina orçamentária e, finalmente, a orçamentos equilibrados na Europa". O ministro austríaco anunciou que irá aumentar a pressão sobre os endividados Portugal e Espanha, para que apresentem um programa de austeridade econômica convincente.

Também para a premiê alemã, Angela Merkel, o pacote de ajuda à moeda europeia por si só não é suficiente. Alguns países da zona do euro têm que colocar suas finanças em ordem, tornando-se mais competitivos, disse Merkel. A longo prazo, a estabilidade do euro pode ser somente assegurada se a Europa atuar em conjunto em relação à política financeira, acresceu.

Nesta segunda-feira (17/05), os ministros das Finanças da zona do euro discutem em Bruxelas a redução da montanha de dívidas na Europa e também a situação orçamentária de países-membros em crise, como Grécia, Espanha e Portugal.

Os líderes das Finanças dos 16 países do Eurogrupo deverão discutir não somente os detalhes do pacote de resgate, mas também as recentes medidas de austeridade econômica na Espanha e Portugal. Ambos os países anunciaram novos cortes, entre eles, a redução salarial e de aposentadorias, como também o aumento de impostos.

CA/rtr/dpa

Revisão: Soraia Vilela