Beatsteaks dão a volta por cima
13 de abril de 2007A esta altura, o ressurgimento do punk já não deve ser novidade para ninguém. Os três acordes revestidos de atitude voltaram a dominar as paradas, bandas como Maximo Park, Kaiser Chiefs, Artic Monkeys e cia. fazem suar o figurino nas pistas de dança e caveiras estão em todo lugar, não só nas roupas de Alexandre Herchcovitch.
Muitas coisas, inclusive, continuam exatamente as mesmas: se já os Ramones se gabavam de tocar 15 músicas em 30 minutos, o quinteto berlinense Beatsteaks não faz diferente: seu recém-lançado quinto álbum .Limbo Messiah (o ponto é proposital!) traz 11 faixas espremidas em 31 minutos.
Os Beatsteaks seguem a tradição do punk não-politizado, que aposta na atitude energética (apenas) como fator de diversão. A banda tem fama de ser uma das melhores em cima do palco, fato que a turnê de divulgação do novo disco só vem a comprovar, com todas as apresentações praticamente esgotadas.
Começo foi sofrido
Mas, por mais que este seja seu quinto disco, não faz tanto tempo que a banda desfruta de tal popularidade. Os primeiros álbuns – 48/49 e Launched – traziam elementos de hardcore e foram consumidos exclusivamente por uma pequena comunidade de fãs, que, por mais fiéis que fossem, não garantiam o sustento dos cinco garotos.
Nem um contrato com a americana Epitaph Records ajudou a banda a decolar, nem mesmo os shows de abertura da turnê do Faith No More. Demorou para que o grupo, que mudou de formação diversas vezes, se tornasse conhecido do grande público, por mais que todos os exemplares do terceiro álbum, Living Targets, tenham sido vendidos em apenas um dia: a Epitaph é que tinha prensado poucas cópias…
Em 2004, a banda assinou com a Warner Music e o quarto álbum, Smack Smash, catapultou à décima posição da parada alemã, rendendo três singles de sucesso: "Hand in Hand", "I don't care as long as you sing" e "Helo Joe". No mesmo ano, eles foram premiados como Best German Act no MTV European Music Awards (EMAs), batendo concorrentes como Die Toten Hosen e Rammstein.
Mais para Los Angeles que para Berlim
Hoje, os Beatsteaks se estabeleceram como uma das principais bandas de rock alternativo da Alemanha, por mais que seu "punk" já tenha sido filtrado várias vezes. Afinal, nem tudo é como era antes: passados mais de 30 anos, o punk hoje divide público com o pop. "Desde o Green Day, o punk virou mesmo pop", celebra o baixista Torsten Scholz no jornal Die Zeit.
Reggae, ska, pop, hardcore, às vezes mais dançantes, às vezes mais berrados – só de alemães é que os Beatsteaks não têm nada. Nem um toquezinho de kraut rock, nada de eletrônico, "Kreuzberg, Kreuzberg" (nome de um bairro) é o máximo de alemão que cabe em suas letras, todas em inglês.
Três anos após o sucesso do álbum anterior, a expectativa do público e da crítica é grande. Os anos em que passaram despercebidos ficaram para trás e os Beatsteaks são vistos como um dos lançamentos do ano. .Limbo Messiah emplacou na terceira posição da parada alemã.
O primeiro single, "Jane Became Insane", já estourou e o disco tem potencial para vários outros. No vídeo, os cinco fazem papel de loucos com camisas-de-força e controlados por uma enfermeira excêntrica interpretada por Biggy van Blond, uma das drag queens mais famosas da Alemanha.
As músicas do novo álbum são mais explosivas que as do anterior, mas seria exagerado falar numa volta às origens. Quem ainda não conhece os Beatsteaks, vai encontrar uma seleção de músicas enérgicas e bem produzidas, algumas mais melódicas, outras mais dançantes, nas quais o baixo dá o tom, e outras em que o par de guitarras toca mais alto.