Teste nacional?
31 de maio de 2011A direita italiana do primeiro-ministro Silvio Berlusconi sofreu uma derrota no segundo turno das eleições municipais, realizado neste domingo (29/05), falhando em seu objetivo de permanecer no poder em Milão e de destituir a esquerda em Nápoles.
Principalmente a perda de Milão caracterizou uma derrota significativa para o governo Berlusconi, já abalado por escândalos sexuais, corrupção e mau desempenho econômico. Capital econômica da Itália, é cidade natal e bastião eleitoral da direita de Berlusconi há 18 anos. Lá, as projeções indicam uma clara vantagem do candidato de esquerda, Giuliano Pisapia.
Nos últimos 15 anos, a esquerda não tinha conseguido sequer passar ao segundo turno, sendo sempre derrotada já na primeira rodada nesta cidade da Lombardia, onde Berlusconi ergueu seu império midiático Fininvest.
Também Nápoles, a terceira maior cidade do país, ficou nas mãos da oposição de esquerda, por mais que esta tenha partido em desvantagem diante da direita aglutinada em torno do empresário Gianni Lettieri.
Eleições parlamentares antecipadas?
O resultado está sendo visto como um teste nacional para Silvio Berlusconi. Embora políticos do alto escalão excluam a possibilidade de as eleições parlamentares, previstas para 2013, serem antecipadas, especialistas consideram a hipótese cada vez mais provável, uma vez que a coalizão de centro-direita de Berlusconi dispõe apenas de uma escassa maioria no Parlamento.
Berlusconi procura minimizar os resultados da dupla derrota em Milão e Nápoles. "O resultado não terá consequências no governo", assegurou. Para demonstrar que controla o Executivo, convocou um conselho extraordinário de ministros para esta terça-feira.
Na fase final da campanha eleitoral, o líder italiano multiplicou o apoio aos seus candidatos, criticou os eleitores "sem cérebro" que votam na esquerda e afirmou ainda que, com Pisapia no poder municipal, Milão se tornará uma "cidade islâmica" e "cheia de campos de ciganos".
Ainda em abril, a Itália teve que reduzir seu prognóstico de crescimento econômico para este ano e o próximo para 1,1% e 1,3% respectivamente. A dívida pública italiana já atinge 120% do Produto Interno Bruto (PIB) e 25% dos jovens estão desempregados. Em média, a população italiana está hoje mais pobre que dez anos atrás. Em maio último, a agência de classificação de risco Standard & Poor's rebaixou a perspectiva dos ratings da dívida soberana da Itália de "estável" para "negativa".
RR/lusa/reuters
Revisão: Marcio Damasceno