Música eletrônica
3 de novembro de 2011Para a maioria de seus fãs, a música eletrônica é a trilha sonora ideal para celebrar o hedonismo de uma noite regada de diversão. Uma fuga do marasmo da realidade cotidiana para um mundo onde o DJ comanda um culto. De pequenos clubes escuros a grandes arenas, diferentes pessoas de todas as idades celebram e compartilham momentos guiados por batidas e ambientações que mexem com os sentidos.
Esta semana acontece em Berlim a terceira edição do BerMuDa (Berlin Music Days), em que profissionais e fãs do estilo têm oportunidade não só de celebrar e dançar as novidades do gênero, mas também de discutir, aprender e fazer negócios.
O evento quer mostrar também o lado profissional e cultural da cena tão associada com a noite. Durante o dia, acontecem encontros, cursos, discussões, exposições para profissionais e fãs. À noite, a cidade se torna uma grande pista de dança com festas, showcases e palco para gravadoras mostrarem seus cultuados e novos artistas nos mais diversos clubes e locações da cidade.
Profissionais do dia e da noite
O turismo em Berlim tem crescido significativamente nos últimos anos. O público jovem vem à cidade em busca de uma empolgante vida noturna, regada de clubes e música eletrônica. "Achávamos que a capital do tecno precisava de um evento à altura. Existem tantos negócios relacionados a música eletrônica na cidade, como gravadoras, agências, clubes, além de artistas do mundo todo que vivem e trabalham aqui. Esse fatores têm que ser utilizados para consolidar economicamente Berlim como uma das capitais da música, fazendo ainda mais sua cultura florescer", declarou Ulrich Wombacher, um dos organizadores do BerMuDa.
O lado profissional do evento está presente em diversos acontecimentos, como o De.Bug, uma série de workshops que apresentam a profissionais e produtores as novidades no mundo dos programas e instrumentos para quem faz música eletrônica. Ele aborda diversas áreas, como a produção musical para videogames, a utilização de programas de produção e mixagem, como Ableton e Feetune, e um workshop com os mais populares programas do gênero para iPads, uma ferramenta que facilmente aproxima quem faz e quem curte o estilo.
O evento all2gethernow traz novamente ao BerMuDa uma plataforma de seminários voltados para negócios e cultura eletrônica. O programa quer traçar um panorama atual da indústria, considerando os aspectos econômico, social, técnico e artístico, mas também o lado estratégico e prático de como a indústria pode integrar cada vez mais música e cultura a seu favor.
"Na maioria das vezes, criatividade e orçamento não são proporcionais. Achamos que essa simbiose tem em Berlim o lugar perfeito para acontecer. Queremos discutir as bases para o som da liberdade criativa", completou Tim Renner, um dos responsáveis pelo all2gethernow.
Estilo de vida eletrônico
Para fãs que não produzem ou trabalham na indústria, o festival oferece uma variedade enorme de programas para o dia. A exposição Musikzimmer (quarto de música) mostra fotografias de quartos, salas e estúdios de conceituados artistas, como Ricardo Villalobos, Moritz von Oswald e Henrik Schwarz. Um lado pessoal de uma cena que para muitos parece fria e distante.
Para quem quer conhecer um pouco mais da história da música eletrônica em Berlim, a exposição Zeitmaschine (máquina do tempo) trás fotos de Tilman Bremb, fotógrafo da revista Frontpage. Ele fotografou todo o tipo de gente que fazia parte da cena de clubes e raves, enquanto davam seus primeiros passos no começo da década de 1990.
O cinema também faz parte do BerMuDa com a edição berlinense do In-Edit. O festival criado em Barcelona há nove anos e que também acontece no Brasil, mostra o melhor da produção de documentários que tratam do universo música, não apenas eletrônica. Um dos destaques do programa é o filme Sub Berlin – Underground Uniteed, que mostra como o tecno teve um papel importante na integração da juventude das Berlim Oriental e Ocidental após a queda do Muro.
Já o clube Watergate se transforma durante o dia em um grande bazar. Dentro de um ambiente noturno, com a pista funcionando, novas marcas e estilistas da capital, como Workaholic, Iriedaily e Stil vor Talent apresentam novas coleções e peças clássicas da cena. O bazar também conta com gravadoras especializadas, como Vakant, Upon You and KilleKill.
A festa nunca acaba
Durante a noite, a cidade não para. São esperadas mais de 50 mil pessoas que podem sacudir o esqueleto em mais de 40 locações. De novos clubes como o Gretchen, passando por espaços alternativos como o Horst Krzbrg e consagradas casas noturnas como Cookies e Cassiopeia, serão mais de 100 DJs e artistas transitando entre os mais diferentes estilos de música eletrônica.
O grande ápice do evento acontece no último dia, com o Fly BerMuDa, uma superfesta no antigo aeroporto de Tempelhof, centro das maiores celebrações e eventos da nova Berlim. Três gigantescos hangares recebem os grandes nomes da cena eletrônica, como Richie Hawtin, Sven Väth, Ellen Allien e Ricardo Villalobos. A festa promete receber o inverno de braços abertos, com mais de 12 horas de música, e encerrar o evento que celebra Berlim como a capital da música eletrônica.
O BerMuDa acontece em diversos pontos de Berlim até o dia 5 de novembro.
Texto: Marco Sanchez
Revisão: Roselaine Wandscheer