Biden diz que enviará tropas ao Leste Europeu
29 de janeiro de 2022O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta sexta-feira (28/01) que deslocará "no curto prazo" tropas americanas ao Leste Europeu devido ao aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia. No entanto, ele antecipou que não serão "muitas".
Os comentários de Biden vieram dias depois de o Pentágono ter anunciado que colocou 8.500 militares, atualmente em solo americano, em "alerta máximo" para um possível destacamento para países aliados no Leste Europeu.
"No curto prazo, deslocarei as tropas dos EUA para o Leste Europeu e países da Otan. Não serão muitas", disse Biden a repórteres em Washington, após visitar Pittsburgh, na Pensilvânia.
Biden não deu mais detalhes, e os seus comentários vieram horas após o chefe do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, ter insistido para que "a Rússia se retire e procure uma resolução através da diplomacia".
As tensões aumentaram entre Rússia, EUA e os aliados por causa da mobilização de 100.000 militares russos na fronteira ucraniana, gerando receios de um possível ataque russo ao território ucraniano, como o que ocorreu em 2014, resultado na anexação da península da Crimeia para a Rússia.
Washington acredita que um ataque russo à Ucrânia é "iminente" e pode ocorrer já em fevereiro. Moscou nega repetidamente que invadirá a Ucrânia.
Tropas não irão para Ucrânia
O Pentágono reiterou que não enviará tropas para o solo ucraniano e insistiu que, se ocorrer, a maioria dos soldados que estão em "alerta máximo" atuará em países da Otan. A entidade também não excluiu a utilização dos militares já mobilizados em bases na Europa.
A Ucrânia não faz parte da Otan e, justamente uma das exigências do Kremlin nas negociações diplomáticas é que a aliança militar não aceite o país como membro.
Dezenas de milhares de soldados americanos estão regularmente estacionados na Europa, incluindo cerca de 35.000 na Alemanha, mesmo fora dos tempos de crise.
No contexto de tensões na fronteira ucraniana-russa, a Otan anunciou no início desta semana que aumentaria sua presença na Europa Oriental . Vários estados membros da aliança militar ocidental querem enviar navios adicionais para o Mar Báltico e aviões de combate para países como Lituânia, Romênia e Bulgária.
Caças dinamarqueses chegam à Lituânia
Quatro caças F-16 da Força Aérea Dinamarquesa já chegaram à Lituânia para fortalecer a vigilância aérea da Otan sobre os Estados Bálticos. Juntamente com quatro aeronaves polonesas, eles devem controlar os céus sobre a União Europeia (UE) e a Estônia, Letônia e Lituânia, estados membros da Otan, a partir do aeroporto militar de Siauliai. "Hoje estamos testemunhando um grande exemplo de unidade e solidariedade dos aliados", disse o presidente lituano Gitanas Nauseda ao dar as boas-vindas aos pilotos dinamarqueses em Siauliai.
Os três países bálticos que fazem fronteira com a Rússia não têm seus próprios aviões de combate. Por isso, aliados têm assegurado o espaço aéreo do Báltico em rotação regular desde 2004.
A Dinamarca também enviará uma fragata para o Mar Báltico. Os Estados Unidos já haviam implantado caças na região. De acordo com o exército estoniano, seis caças F-15C Eagle pousaram na base militar de Ämari na quarta-feira para fins de treinamento. O principal objetivo do esquadrão é apoiar a Força Aérea Belga no patrulhamento do espaço aéreo do Báltico.
Em fevereiro e março, a Força Aérea Alemã participará da segurança do espaço aéreo da Otan na Romênia com três Eurofighters. O objetivo é estar pronto no caso de um alarme para voos de proteção conjuntos por Eurofighters alemães e italianos.
Putin tem completa gama de opções militares
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse na sexta-feira que o acúmulo de forças russas perto da fronteira com a Ucrânia chegou ao ponto em que o presidente russo, Vladimir Putin, tem uma gama completa de opções militares .
"Embora não acreditemos que o presidente Putin tenha tomado a decisão final de usar essas forças contra a Ucrânia, ele claramente agora tem capacidade", disse Austin em entrevista coletiva no Pentágono.
Austin acrescentou que Putin poderia usar qualquer parte de sua força para tomar cidades ucranianas e "territórios significativos" ou realizar "atos coercitivos ou atos políticos provocativos", como o reconhecimento dos estados separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia.
le (efe, dpa, ap, afp, rtr)