Maiores poluidores
7 de dezembro de 2011A cada ano, em seu Índice de Proteção do Clima, a ONG alemã Germanwatch examina atentamente as políticas climáticas nacionais. Os números atuais foram divulgados nesta terça-feira (06/12) em Durban, durante a Cúpula do Clima da ONU.
O balanço do Índice de Proteção Climática 2012 é bem decepcionante: nenhuma nação do mundo faz o suficiente para restringir o aquecimento global a 2ºC. Assim, as organizações ambientais Germanwatch e Climate Action Network Europe (CAN) deixaram em branco este ano os três primeiros lugares do ranking.
A quarta e, portanto, melhor colocação coube à Suécia. Segundo Wendel Trio, diretor da CAN Europe, o país "se sai relativamente bem, pois apresenta emissões baixas [de CO2 e outros gases-estufa] e uma tendência decrescente". Em quarto e quinto lugar, encontram-se o Reino Unido e a Alemanha, respectivamente.
Christoph Bals, da Germanwatch, diz que a Alemanha melhorou ligeiramente. Isso se deve às novas diretrizes no setor de energia e à presença "de uma dinâmica bem maior no campo das energias renováveis", afirma. "Por outro lado, a Alemanha não está no caminho de uma meta de redução que mantenha o marco dos 2ºC", ressalva.
Para que essa situação mude, os ambientalistas vêm instando os Estados da União Europeia a elevar suas metas de redução para os próximos anos de 20% para 30%.
Altos e baixos
Em contrapartida, o novo país-problema da política climática europeia é a Holanda, que, devido à elevação de suas emissões de CO2, foi rebaixada em 12 colocações no índice. Este considera tanto o volume e a tendência das emissões quanto uma avaliação da política climática nacional.
Também a Croácia, a Polônia e a Turquia caíram no ranking, sobretudo devido a suas más notas no tocante à política. A situação dos Estados Unidos também é ruim. Wendel Trio analisa: "Os EUA encontram-se no 52º lugar, o que é bem perto do fim da lista. Isso não é surpreendente, pois o país continua sendo um dos maiores emissores per capita de gases estufa. Além disso, atualmente não há qualquer instrumento político, no nível federal, para limitar as emissões".
Por outro lado, a Austrália, país com histórico de grande produtor de gases estufa, conseguiu galgar dez colocações, ocupando atualmente a 48ª. O motivo foi o país ter decretado um novo imposto sobre o carvão mineral, apesar de forte resistência.
Brasil e Índia
O Brasil, por sua vez, caiu do quarto e melhor lugar no ranking anterior para o sétimo. Isso se deve ao acréscimo das emissões na produção de energia. A partir do próximo ano, a Germanwatch pretende incluir no índice também as emissões decorrentes do deflorestamento. Até o momento isso não ocorrera por falta de dados.
"Se isso acontecer, então o Brasil vai se sair bem pior. Sobretudo devido às atuais dicussões sobre o novo Código Florestal, que teriam consequências negativas sobre as emissões brasileiras", esclarece Trio.
No entanto a Índia caiu mais ainda do que o Brasil: do 10º para o 23º lugar, devido ao aumento das emissões de CO2. Ainda segundo o diretor da CAN Europe: "Se considerarmos as emissões per capita dos países emergentes, a Índia é a que se sai melhor. Entretanto – assim como nos outros grandes países em desenvolvimento, a tendência das emissões é muito preocupante. Eles acusam índices em rápida ascensão, o que está relacionado ao rápido crescimento econômico".
Os últimos da lista
Bem mais negativo do que o da Índia é o desempenho do maior emergente do mundo, a China, 57º lugar entre as 61 nações examinadas. "A China é estranha, um caso especial. Ela implementa algumas políticas muito boas, como o fomento às energias renováveis, mas ainda não vemos resultados. Suas emissões continuam aumentando", diz Wendel Trio.
O final da lista é ocupado por Arábia Saudita, Cazaquistão e Irã. O diretor da CAN Europe afirma não ser uma surpresa: os países mais "sujos" do mundo não só apresentam altas emissões per capita como "não têm nenhuma norma em vigor para limitar a emissão de gases estufa".
O apelo dos ambientalistas é inequívoco: os países de todo o mundo precisam se esforçar mais caso ainda se pretenda deter o aquecimento global.
Autoria: Johannes Beck (av)
Revisão: Alexandre Schossler