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Britânicos não são os únicos a travarem UE

30 de junho de 2016

Mesmo que agora todos os considerem culpados pela crise no bloco, eles não são os únicos a criar entraves. Nos últimos anos, outros países-membros também se destacaram por posições antieuropeias.

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Foto: Reuters/D. Martinez

"Os britânicos, esses antieuropeus"; " destruidores da ideia europeia"; "eles não tinham mesmo muita vontade de pertencer à UE". São reclamações frequentemente ouvidas nos últimos dias. É fácil culpar os britânicos pela crise na União Europeia depois do referendo sobre o Brexit. Mas uma olhada no passado recente do bloco mostra que outros países também quase colocaram o projeto europeu em perigo.

1. França

O país forma, junto com a Alemanha, a semente que gerou a União Europeia. E, no entanto, os franceses são parcialmente responsáveis ​​pelo fato de que uma planejada Constituição da UE nunca tenha entrado em vigor. Em um referendo em 29 de maio de 2005, 54,7% dos eleitores foram contra a Constituição. O presidente francês, Jacques Chirac, lançou a ideia do referendo por razões políticas internas, sem que a Constituição do país exigisse isso. Chirac queria, na época, dar uma ampla legitimação para sua política pró-europeia, através de um referendo bem-sucedido. Ele previa uma clara vitória a favor da Constituição, e as pesquisas pareciam confirmar isso, a princípio. O plano de David Cameron quando convocou o referendo do Brexit era parecido.

Ex-presidente francês, Jacques Chirac
Jacques Chirac: presidente francês quis legitimar política pró-europeia com referendoFoto: AP

2. Alemanha

A Alemanha seria um aluno exemplar? Nem um pouco! Políticos alemães, como Helmut Schmidt e Helmut Kohl, podem ser considerados pais do euro, mas foi a Alemanha que, nos primeiros anos da moeda única europeia, regularmente deixou de cumprir os critérios que tinha ajudado a estipular, enfraquecendo o projeto. Sucessivamente, a Alemanha ultrapassou no início de 2000 o limite do déficit orçamental, que não deveria ser maior que 3% do PIB. Como tantas vezes ocorre na UE, também aqui as coisas foram ajeitadas. Em 2005, o pacto de estabilidade europeu foi reformado e, desde então, influências conjunturais econômicas são levadas em conta. No final, a Alemanha não é o único país que deixou de cumprir a meta, pois na esteira da crise econômica, a partir de 2009, vários outros ultrapassaram o limite dos 3%. Até então, aliás, o Reino Unido sempre tinha conseguido controlar seu déficit público. É quase uma pena que o país nunca tenha feito parte da zona do euro.

3. Holanda

Mais um dos membros fundadores da Comunidade Europeia que nem sempre se deixou levar pelo "espírito europeu". Os holandeses também rejeitaram em 2005 a Constituição da UE. E em 2016 eles rejeitaram, em um referendo, o acordo de associação da UE com a Ucrânia. Os especialistas concordam que a maioria dos holandeses provavelmente não estava muito interessada no assunto em si. Os patrocinadores da votação, liderados, entre outros, pelo populista de direita Geert Wilders, queriam expressar um euroceticismo genérico. Foram coletadas 400 mil assinaturas para forçar a realização do referendo.

Populista Geert Wilders lidera eurocéticos holandeses
Populista Geert Wilders lidera eurocéticos holandesesFoto: Reuters/M. Kooren

4. Suécia

Os suecos entraram na UE em 1995 e estão, portanto, entre os membros mais jovens do bloco. Desde o começo, este não foi um casamento por amor. Olhando para a história sueca, é compreensível, pois o país conseguiu se sair muito bem, na opinião da maioria de seus cidadãos, com a neutralidade que assumiu durante duas guerras mundiais e também depois. Este ceticismo vem sempre à tona, o que ocorreu de forma mais forte em 2003, quando os suecos votaram contra a introdução do euro em um referendo. O Reino Unido era tido até agora como o mais importante aliado da Suécia na UE, já que decidiu também permanecer com sua própria moeda, apesar da adesão à UE. O comportamento dos eleitores da Suécia em questões como o mercado interno da UE e da política monetária foi muito semelhante. Uma pesquisa da emissora pública SVP revelou que apenas 39% dos suecos acreditam que a adesão à UE é "uma boa ideia". Isso corresponde a 20% a menos que no final de 2015. Além da saída iminente do Reino Unido da UE, o forte fluxo de refugiados para a Suécia também pode ser responsável por isso. Em relação à sua população, nenhum país da UE recebeu tantos refugiados como a Suécia, enquanto outras nações, especialmente no leste da EU, fecham suas portas. Isso faz com que muitos cidadãos suecos passem a duvidar da solidariedade europeia.

5. Dinamarca

Repetidamente, os britânicos foram acusados de terem sempre desejos especiais na UE. Mas a pequena Dinamarca também não fica atrás neste quesito. Isso começa pelo fato de que o país, geograficamente, não pertence, em sua totalidade, à UE. Os territórios autônomos dinamarqueses Ilhas Féroe e Groelândia não fazem parte da UE. A Dinamarca, assim como a Suécia, mantém sua moeda. Logo no início do processo de unificação política, Copenhague precisou de dois referendos e algumas reformas até finalmente o Tratado de Maastricht ter sido adotado pelo país, o que demonstra como os dinamarqueses veem a UE criticamente como entidade política. Até hoje, a Dinamarca também rejeita a política de justiça supranacional. O país, assim como Noruega e Suíça, negocia só bilateralmente com Bruxelas sobre questões de legislação. Por último, mas não menos importante: Copenhague se mantém distante de assuntos militares da UE, sendo o único Estado-membro, além de Malta, a não participar de tropas da UE, devido a considerações legais.