Carnaval em Colônia
2 de fevereiro de 2008O turista não tem melhor oportunidade para ver tanta animação, bom humor e alegria em Colônia do que no Carnaval, ou Fastelovend, como a festa também é chamada na cidade. Há pessoas fantasiadas por todas as partes, bares cheios, bailes e desfiles. O bom humor contagia a população.
O Carnaval de Colônia é quase tão velho como a cidade, fundada pelos romanos. Mas da forma como é festejado atualmente, existe desde 1823, quando cidadãos de Colônia fundaram um comitê organizador. Afinal de contas, para os alemães, tudo deve ter a sua ordem!
Homens comandam a festa
Este comitê, do qual só homens fazem parte, define o tema do Carnaval, além do percurso dos desfiles oficiais e quais sociedades carnavalescas podem participar do desfile mais importante, na segunda-feira, feriado inoficial em Colônia.
O comando dos festejos cabe a um trio: um príncipe, um camponês e uma virgem, representada na verdade por um homem. Herança da Idade Média. Os dois primeiros simbolizam a força da nobreza e do povo para enfrentar o domínio de estrangeiros sobre a cidade. A virgem representa a resistência em pessoa.
Quase toda coincidente com o inverno europeu, a "quinta e mais quente estação do ano", como os colonianos ironicamente chamam o período carnavalesco, se inicia sempre, oficialmente, no dia 11 de novembro, às 11 horas e 11 minutos, com show e muita cerveja no centro da cidade. A partir de então, acontecem bailes e shows nos fins de semanas, preparando o ânimo do povo para o desfile principal.
Mulheres têm dia especial
Numa festa tradicionalmente comandada pelos homens, desponta como contraponto a chamada Quinta-feira das Mulheres (Weiberfastnacht), a última antes dos dias propriamente ditos de Carnaval. Neste dia, elas têm direito a fazer o que quiserem, a começar por cortar as gravatas de todo homem que estiver usando uma.
Mulheres e homens festejam nos bares, salões ou onde quer que seja até o sol raiar. É comum ver os policiais que tratam da segurança da festa terem um coração pintado com batom na maçã do rosto.
Na sexta-feira, há festas e muita vida nos bares. Aliás, nesta noite também acontece o já tradicional Baile Brasileiro, que reúne a grande comunidade de brasileiros em Colônia, além de alemães aficionados pelo Brasil. O evento realiza também concurso de fantasias entre os foliões. Outras cidades alemãs, como Munique, também têm bailes de Carnaval brasileiro.
No sábado à noite, a vez é do Desfile dos Fantasmas (Geisterzug). Um programa alternativo à agenda oficial, sem dinheiro, improvisado, mas muito criativo nas fantasias.
No domingo, é a vez do concorrido desfile dos colégios e bairros, que serve de aquecimento para o dia seguinte, quando se apresentam os clubes e sociedades mais tradicionais e os vencedores do desfile da véspera.
Rosenmontag, o dia principal
A Segunda-feira das Rosas é a data mais importante do Carnaval coloniano. Os turistas e a população – quase toda fantasiada – acorrem em massa para as calçadas e ficam horas esperando e assistindo ao grande desfile que percorre sete quilômetros, num trajeto sinuoso pelo centro da cidade.
Mais de 70 carros alegóricos e 100 sociedades carnavalescas passam pelas ruas, com seus integrantes jogando mais de 100 toneladas de balas, bombons, flores e pequenos presentes, para a alegria das crianças e adultos. A música fica por conta de bandas e fanfarras. As letras exaltam a paixão pelo Carnaval. O bairrismo e o humor também não faltam.
A cerimônia tenta ser uma sátira às paradas de soldados franceses do início do século 19, quando estes ocupavam Colônia, mas o turista recém-chegado não perceberá isto, a não ser que alguém conte para ele.
Muitos clubes carnavalescos mantêm a tradição de desfilar com uniformes vermelho e branco ou azul e branco, marchando ao som da banda. Hoje, alguns historiadores acreditam que, na verdade, a zombaria visava as próprias tropas que fugiram covardemente com a chegada dos franceses.
Queima do Nubbel, fim da festa
A priori, os festejos terminam à meia-noite de terça-feira, quando chega a hora de se cremar o Nubbel, um boneco de palha que passa os dias (e noites) de folia dependurado sobre a porta dos bares. Em julgamentos geralmente sumários, ele é acusado e condenado pela farra e pelos pecados cometidos durante o Carnaval.
Já há porém versões mais modernas, em que o pobre Nubbel tem direito a um "advogado de defesa", mas, por outro lado, também acaba sentenciado pelos infortúnios e desgraças vividos cotidianamente pela população. E ele não escapa de seu destino: a fogueira.
Então já é Quarta-feira de Cinzas, o dia em que o almoço tradicional tem peixe no cardápio. (mw)