Carta de Grass convence Walesa
22 de agosto de 2006Em carta ao prefeito de Gdansk (Polônia), o escritor alemão Günter Grass lamentou a controvérsia sobre seu papel na Waffen-SS. "Lamento ter entregue ao senhor e aos cidadãos da cidade de Gdansk, à qual me sinto profundamente ligado, uma decisão que seria mais fácil e justa, se meu livro já estivesse disponível em polonês", escreveu Grass ao prefeito Pawel Adamowicz.
Desde que o Nobel de Literatura revelou em sua autobiografia que, quando jovem, serviu na Waffen-SS, há uma discussão em Gdansk – terra natal do escritor, antes chamada Danzig) sobre a retirada do título de cidadão honorário concedido ao autor de O Tambor. A decisão sobre o caso está prevista para 31 de agosto. Adamowicz garantiu que "o governo municipal é contra a anulação do título".
Depois de tomar conhecimento do teor da carta, o ex-presidente polonês e Nobel da Paz Lech Walesa retirou seu pedido de que Grass renuncie ao título de cidadão honorário de Gdansk. "A partir deste momento não tenho mais conflito com o senhor Grass", disse.
Caçador de criminosos nazistas cobra explicações
O Centro Simon Wiesenthal pediu nesta terça-feira (22/08) a Günter Grass que seja transparente em relação ao tempo que passou na Waffen-SS de Adolf Hitler, abrindo mão da proteção dada pela lei alemã para que o centro possa investigar seu passado.
"Sentimos que há uma falta incrível de clareza. Sua explicação gerou mais ambiguidade do que transparência", disse à agência de notícias Reuters, o diretor do Centro Simon Wiesenthal em Jerusalém, Efraim Zuroff.
Zuroff, que há um quarto de século caça criminosos de guerra nazistas, disse que o Centro Wiesenthal enviou uma carta a Grass pedindo detalhes sobre o serviço prestado por ele na Waffen-SS.
Merkel comenta críticas
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, disse na segunda-feira que o premiado escritor demorou demais a revelar que serviu na Waffen-SS.
"Não me surpreendem as críticas amplas que se seguiram à revelação desse detalhe de sua biografia", disse Merkel em coletiva de imprensa.
"Eu gostaria que tivéssemos sido informados de toda sua biografia desde o início", afirmou ela, nos primeiros comentários que fez sobre a polêmica que domina o noticiário alemão há uma semana.