Grass e o nazismo
O prêmio Nobel de Literatura Günter Grass surpreendeu a opinião pública com revelações sobre seu envolvimento com o regime nazista quando jovem. Aos 15 anos, Grass se apresentou como voluntário à tropa de submarinos do Terceiro Reich, mas não foi recrutado. Aos 17 anos, foi enviado para Dresden como integrante da Waffen-SS, uma tropa de elite nazista à parte das Forças Armadas, e especialmente atuante no Holocausto.
Até agora, a informação oficial era de que Grass havia sido recrutado como auxiliar da artilharia antiaérea e servido posteriormente como soldado. Considerando-se que este foi destino de tantos jovens alemães na época e que Grass garante jamais ter dado um tiro, o fato em si não chega a causar muito espanto.
O que choca é o protagonista desta história ser Günter Grass, guardião da consciência histórica alemã, delator de todas as hipocrisias relativas à memória do nazismo, social-democrata engajado de verve moralizante e prêmio Nobel da literatura. O que também choca é o fato de a revelação ter sido tão tardia.
Numa entrevista publicada pelo diário Frankfurter Allgemeine Zeitung, neste sábado (12/08), Grass antecipou informações de sua autobiografia, Beim Häuten der Zwiebel (Descascando a cebola), a ser lançada em setembro. Confira, em nossa cobertura do assunto, as declarações de Grass na íntegra, sua repercussão entre intelectuais de língua alemã e o alcance de uma discussão que com certeza se tornará um marco na memória do passado nazista alemão.