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Literatos defendem Grass apesar de envolvimento com nazismo

(sm)14 de agosto de 2006

Ao revelar seu envolvimento com o nazismo na juventude, Günter Grass colheu algumas críticas, mas também ampla compreensão por parte do ambiente literário alemão.

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Günter Grass, na companhia do presidente alemão, Horst Köhler, no congresso do PEN, em BerlimFoto: AP

Martin Walser, escritor

O mais maduro de todos os contemporâneos não consegue comunicar durante 60 anos que foi recrutado pela Waffen-SS, sem ter feito nada para tal. Isso lança uma sombra arrasadora sobre nossa elaboração do passado e seu caráter normativo, seja na mentalidade ou no uso da linguagem. Através de seu comunicado superior e oportuno, Günter Grass acaba de dar uma lição neste clima de moralismo vigilante. Temos que agradecer-lhe por isso.

Walter Jens, crítico e teórico de literatura

A confissão de Grass é equilibrada, precisa e sensata. Um mestre da escrita se detém e reflete: "o que você esqueceu de relatar durante sua longa vida?". Foi isso o que ele fez e por isso merece meu respeito. Para mim, o significativo foi ele ter escolhido o momento oportuno. Antes, muita coisa teria parecido pretensiosa.

Walter Kempowski, escritor

[A confissão] chegou tarde demais. Mas, quem não tem pecados que atire a primeira pedra.

Hellmuth Karasek, crítico literário

O fato em si é uma ninharia. Um garoto de 17 anos: meu Deus, isso é totalmente compreensível. Se posteriormente Grass não tivesse se tornado o primeiro a levantar a palmatória moral...

Se tivesse confessado antes sua participação na Waffen-SS, Grass possivelmente teria arriscado o Prêmio Nobel. A Academia, que tem um faro bastante sensível, não teria concedido o prêmio a alguém que tivesse participado da Waffen-SS em sua juventude e se calado durante tanto tempo.

Joachim Fest, biógrafo de Hitler e especialista em nazismo

Não entendo como alguém pode se colocar em evidência durante 60 anos como "consciência pesada" da nação, principalmente em questões relativas ao nazismo – para vir a confessar só depois que ele mesmo estava envolvido. Desse homem, eu não compraria nem um carro usado.

Robert Menasse, escritor

Considero confiável e compreensível a justificativa de que Grass não confessou isso antes por vergonha. É algo digno de admiração: um homem de idade admitir que cometeu um erro.

Erich Loest, escritor

O que Grass disse deve ser aceito sem censuras. Ele era muito jovem e estava fora do alcance de qualquer influência que o pudesse ter detido. Eu também queria ter me apresentado à Waffen-SS, mas o diretor da minha escola me impediu. Grass só deveria nos dizer por que só escreveu sobre isso agora.

Klaus Theweleit, escritor

Isso não passa de um reclame do novo livro de um viciado em publicidade. Quando Grass fica sabendo, através de enquetes, que não são 102% dos alemães que o conhecem, logo lhe ocorre algo do gênero.

Ralph Giordano, escritor

Pior do que cometer um equívoco político é não se confrontar com ele. Em seu íntimo, Grass já fez isso há muito tempo, e agora parte para a opinião pública [com esta revelação]. Para mim, ele não perdeu em nada sua credibilidade moral – de forma alguma.

Hans Ulrich Wehler, historiador

Isso é um fracasso político. Grass buscou deliberadamente o acesso ao cotidiano político e resolveu atuar como uma espécie de preceptor Germaniae. Ele chegou a ser contra a reunificação – por causa de Auschwitz! Agora eu penso: Meu caro, onde foi parar sua sensatez política?