Cientistas querem acordo contra lixo espacial
23 de abril de 2005Mais de 200 especialistas se reuniram nesta semana na cidade alemã de Darmstadt para discutir os problemas criados pelo lixo espacial.
O assunto tornou-se um grande desafio para a exploração do espaço: desde 2001 tiveram de ser trocadas 80 janelas de naves espaciais devido ao impacto de objetos com menos de um milímetro. Segundo especialistas, cerca de 330 milhões de objetos maiores do que um milímetro estão orbitando em redor da Terra.
Mais cedo ou mais tarde, estes objetos retornarão à Terra. Mas nos anos ou décadas que levará até que isso ocorra, eles podem causar grandes problemas.
"A velocidade relativa dos objetos circulando no espaço é dez vezes superior à de uma bala do rifle mais rápido", disse Heiner Klinkrad, especialista em lixo espacial do Centro Europeu de Operações Espaciais, em Darmstadt.
Há objetos com mais de dez toneladas. Se algo assim colide com o seu satélite, ele o estraçalha completamente".
Pequenos grandes perigos
"Objetos volumosos, entretanto, ainda podem ser detectados e monitorados, por telescópio e radar, por uma série de países, como a Alemanha, a França, a Inglaterra e os Estados Unidos. A Estação Espacial Internacional já conseguiu evitar seis colisões perigosas.
Os objetos realmente perigosos são os de tamanho médio, geralmente entre um e 10 centímetros. Eles não podem ser detectados, mas ainda são prejudiciais. Às vezes, partes de um antigo foguete, ainda contendo combustível, explodem. E como uma explosão pode levar a outra, Klinkard teme que a situação no espaço sideral acabe escapando do controle.
"O fragmento de uma explosão acaba colidindo com outra coisa, o que pode resultar numa escalada, uma espécie de reação em cadeia", afirmou. "Aí, a situação sai do controle, e certas altitudes orbitais ficam inutilizáveis para o vôo espacial".
Acordo internacional
Durante a conferência de Darmstadt, os especialistas concordaram ser necessárias medidas internacionais para enfrentar esses problemas. Eles pleitearam um acordo da Organização das Nações Unidas para que os países exploradores do espaço evitem o lixo, trazendo de volta à Terra as partes maiores de suas aeronaves, enquanto monitoram as demais.
Satélites, por exemplo, podem ser conduzidos até uma altitude elevada, onde entram em colapso, reentram na atmosfera e se evaporam. Mas os custos desse processo são altíssimos. Os donos dos satélites precisam de cerca de três meses para realizar a operação. E há sempre o risco que partes feitas de aço inoxidável ou titânio simplesmente não se evaporem.
Os resultados da conferência serão agora entregues aos políticos. Klinkard espera que leis internacionais sejam implementadas, de modo a reduzir os riscos dos destroços no espaço e em nosso planeta.