Cinema brasileiro presente na seção comercial do Festival de Berlim
11 de fevereiro de 2012Para o grande público, um festival do porte do de Berlim é uma oportunidade de conferir o que há de melhor no mundo do cinema. Tradicionalmente o festival atrai não só diretores conceituados, mas também grandes estrelas e celebridades.
Um lado que poucos conhecem é que Berlim, durante os dias da Berlinale, respira cinema não só nas escuras salas de projeção, mas também em uma enorme quantidade de eventos como o Talent Campus e o Mercado Europeu do Cinema (EFM). Este último atrai produtores e distribuidoras de cinema do mundo todo.
Encontro de gerações
Comemorando dez anos de existência, o Talent Campus é uma grande oportunidade para profissionais da indústria cinematográfica se encontrarem. Com palestras, discussões e as chamadas master classes, o programa aproxima os jovens de profissionais já estabelecidos e consagrados no mercado, atuantes em áreas que vão da direção à edição, passando por direção de arte e crítica. A seção serve como plataforma para discutir ideias e tendências do cinema contemporâneo, visando também facilitar a colaboração e parcerias. Nos seis dias do evento, os participantes entram em contato com interessantes produções das últimas décadas.
Vencedores do Oscar, como o compositor Ryuichi Sakamoto e a figurinista Sandy Powell, fazem parte da lista de palestrantes, ao lado do presidente do júri do festival deste ano, Mike Leigh, e da atriz francesa Juliette Binoche. A série de eventos começa neste sábado (11/02).
Muitos jovens cineastas que passaram pelo Talent Campus nos últimos dez anos despontaram em festivais de cinema pelo mundo. É o caso de Cristian Mungiu, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, em 2007, com 4 meses, 3 semanas e 2 dias, e do cineasta indonésio Edwin, que participa da mostra competitiva da Berlinale de 2012 com Postcards from the zoo.
Cinema brasileiro
Dentro do Mercado Europeu de Cinema, o Brasil é representado há seis anos pelo Cinema do Brasil. O programa criado pelo pelo SIAESP (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo), conta com empresas associadas de todo o país. Funcionando como uma espécie de agência que promove o cinema brasileiro no exterior, o Cinema do Brasil dá suporte a produtores que procuram colocar seus filmes no mercado internacional, além de facilitar parcerias de produção e distribuição.
"Somos como uma embaixada do audiovisual brasileiro", declarou André Sturm, presidente do programa, à DW Brasil. Servir como ponte e motivar coproduções internacionais também é um dos objetivos do programa.
Relacionamento e negócios
O Cinema do Brasil participa de aproximadamente cinco festivais todos os anos, entre estes Cannes, Berlim e o American Film Market, que acontece em Santa Mônica, na Califórnia. Com estande, eventos e festas, o objetivo é criar um ambiente propício aos negócios com produtores de todo o mundo e expandir as relações com profissionais da área.
"Percebemos nesses anos uma mudança no patamar do cinema brasileiro. Os produtores já são mais conhecidos e participam de mais festivais pelo mundo, consequentemente os filmes brasileiros estão mais presentes", diz Sturm.
Para ele, essa iniciativa e o aumento significativo da produção do país têm um reflexo visível nos principais festivais do mundo. "Antes, quando um filme brasileiro era selecionado para uma mostra como o Forum, aqui em Berlim, era motivo para abrirmos um champanhe. Hoje, discutimos quantos filmes vão ser selecionados, não só aqui, mas também em Cannes. Isso é sem dúvida o resultado de mais qualidade técnica e artística, mas também do relacionamento que estamos construindo", conclui Sturm.
Autor: Marco Sanchez
Revisão: Soraia Vilela