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Com fortes medidas de segurança, Alemanha recebe 1º infectado por ebola

Peter Hille (pv)27 de agosto de 2014

Epidemiologista senegalês chega a Hamburgo para ser tratado na estação especial de isolamento de hospital universitário. Desde março, doença já matou 240 médicos e assistentes na África.

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Foto: picture-alliance/dpa

Antes de chegar à Alemanha nesta quarta-feira (27/08), o homem já havia passado por tratamento em Freetown, a capital de Serra Leoa. Do aeroporto de Hamburgo, ele foi levado sob forte escolta policial até o hospital universitário da cidade, onde está alojado em uma ala especial de isolamento. Ele é o primeiro paciente com ebola a pisar na Alemanha.

"Esperamos que a sua condição melhore logo e que ele possa se recuperar completamente da doença", diz a porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) Fadéla Chaib, em entrevista à DW.

Ela confirmou ainda que o homem em questão é um epidemiologista do Senegal, que estava trabalhando em um laboratório em Serra Leoa. Juntamente com uma equipe da OMS, ele atuou em Kailahun, no leste do país – uma região extremamente afetada pela doença.

Já em julho, a OMS havia solicitado se um de seus funcionários poderia ser tratado em Hamburgo. Porém, o médico em questão, infectado em Serra Leoa, acabou morrendo antes que ele pudesse ser trazido para a Alemanha.

Contágio entre médicos

Desde que a epidemia do vírus eclodiu na África Ocidental, em março deste ano, um total de 240 médicos e assistentes foram infectados. Ainda de acordo com a OMS, metade da equipe médica infectada em Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa já morreu da doença.

Segundo a porta-voz, há uma série de fatores que levam tantos colaboradores a serem infectados. "Por um lado, temos muito poucas roupas de proteção, ou o material protetor é usado incorretamente", diz Chaib, salientando ainda que não há pessoal suficientemente qualificado. "Os médicos e os colaboradores trabalham além do limite, porque eles querem ajudar os outros. E, devido ao cansaço, surgem às vezes erros que podem levar à infecção."

Nas epidemias anteriores de ebola, o número de infecções em membros de equipes médicas sempre declinou logo que a doença fora reconhecida e as devidas medidas de precaução, tomadas.

Mas o atual surto na África Ocidental é pior de todos os tempos. Chaib argumenta que muitas coisas aconteceram de maneira diferente do habitual: "No início, muitos médico da região não sabiam nada sobre o ebola, pois era a primeira vez que a doença apareceu nesta parte da África."

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A estação especial de Hamburgo é hermeticamente protegida e impossibilita a saída de líquidos, gases e partículasFoto: picture alliance/dpa

Devido aos sintomas, alguns médicos suspeitaram inicialmente se tratar de malária, febre tifoide ou um simples resfriado. "Demorou certo tempo até que todos notassem que estavam lidando com o ebola, uma doença altamente contagiosa", diz a porta-voz.

Cuidados especiais

Nos países em questão, os hospitais muitas vezes não dispunham de meios necessários para poder isolar pacientes com segurança. O hospital universitário de Hamburgo – para onde o paciente de Serra Leoa foi trazido agora – pode garantir uma quarentena em uma ala especialmente equipada para o completo isolamento. Não há possibilidades de líquidos, gases ou partículas no ar escaparem para o mundo exterior.

Para acessar a ala, é preciso passar por três compartimentos. No primeiro, a pressão do ar está ligeiramente reduzida; no segundo e terceiro, um pouco mais alta. Assim garante-se que o ar se movimente apenas de fora para dentro, e nunca o contrário.

Os médicos e enfermeiros usam uma roupa especial de proteção que se assemelha ao equipamento dos astronautas. Nestes trajes prevalece permanentemente uma ligeira pressão positiva. O suor não consegue escapar, e o ar expirado é ventilado por um filtro.

Trabalhar nestes trajes é bastante cansativo. "É improvável que alguém suporte mais do que três horas", diz Stefan Schmiedel, especialista em medicina tropical do hospital em Hamburgo. E como a limpeza completa dos trajes é bastante difícil, eles são queimados após cada utilização.

"As medidas de segurança que tomamos aqui [em Hamburgo] são tão abrangentes, que podemos partir do princípio que a população está protegida", afirma Schmiedel. "E os médicos e enfermeiros também estão seguros e podem trabalhar sem hesitação."

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O transporte do epidemiologista senegalês teve forte escolta policial até o hospital universitárioFoto: picture-alliance/dpa

Ainda não há cura para a doença, mas segundo o especialista Schmiedel, o corpo humano é capaz de derrotar o vírus sozinho. Entretanto, apenas se ele conseguir manter suas funções vitais estáveis.

Para tal, o paciente é ventilado, sua função intestinal precisa ser mantida artificialmente, e seu equilíbrio térmico tem que ser regulado. Além disso, diversas infusões são necessárias, uma vez que infectados com o ebola sofrem com vômitos e diarreias, perdendo bastante líquido.

Também no caso do epidemiologista do Senegal, que agora está sendo tratado em Hamburgo, há a esperança que ele sobreviva à doença com a ajuda dos médicos. As circunstâncias de sua infecção ainda não estão claras. E para proteger os seus colegas de trabalho na enfermaria de Kailahun, em Serra Leoa, a OMS retirou a equipe temporariamente.

A OMS espera que os especialistas de Hamburgo possam esclarecer a origem do contágio. Em seguida, serão tomadas medidas adequadas de precaução, e uma nova equipe médica será enviada a Kailahun.