Comissão internacional poderá investigar queda de avião na Ucrânia
19 de julho de 2014A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concordaram neste sábado (19/07) que a investigação sobre a queda do avião da companhia aérea Malaysia Airlines na Ucrânia seja conduzida por uma comissão internacional, liderada pela Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci).
Segundo um porta-voz do governo alemão, foi consenso entre os dois líderes, durante a conversa telefônica, que a comissão independente tenha "acesso rápido ao local do acidente, para lançar luz sobre as circunstâncias e remover as vítimas".
Moscou também confirmou que ambos os lados reconhecem a importância de uma investigação completa e objetiva sobre a queda do avião. Neste sábado, o governo da Ucrânia acusou os separatistas pró-Rússia de estarem adulterando o local da queda do avião.
"Com a ajuda da Rússia, os terroristas estão tentando destruir evidências de crimes internacionais. Eles levaram 38 corpos para o necrotério de Donetsk", afirmou Kiev. O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, relatou que homens armados estão impedindo especialistas do governo de recolher evidências e ameaçaram detê-los.
Os separatistas cercaram a aérea da queda com cordões e criaram postos de controle na região. "Os rebeldes deixaram funcionários do Ministério de Emergências entrarem na área, mas não permitem que tirem nada do local. Além disso, eles estão removendo tudo que encontram", afirmou o porta-voz do conselho de segurança ucraniano, Andriy Lysenko.
Os rebeldes, por sua vez, negam as acusações de estarem removendo evidências e afirmam estar preocupados com a situação humanitária na região, pois, com o calor, os corpos estão se decompondo.
Investigações sobre a queda
O governo da Malásia se mostrou preocupado com interferências no local da queda do avião. "A integridade da região está comprometida e há indicações de que provas vitais não foi preservada no local", afirmou o ministro dos Transportes Liow Tiong Lai.
A Malásia tachou de "desumano" proibir o acesso ao local da queda e defendeu a Rússia, que estaria fazendo o melhor para ajudar. Uma equipe de especialistas malaios viajou para Kiev neste sábado, para auxiliar nas investigações. "Nós queremos chegar ao fundo disso. Não temos uma posição, até que todos os fatos sejam verificados, se o avião foi mesmo abatido, como e quem o derrubou", declarou o ministro malaio da Defesa Hishammuddin Hussein.
Observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) relataram ter tido dificuldades para agir livremente no local da queda. Na sexta-feira, puderam visitar a região com acesso limitado, acompanhados por homens armados. A agência de notícias AFP afirmou que por rebeldes impede aos jornalistas o acesso ao local.
O líder separatista Alexander Boroday negou estar dificultando o trabalho dos especialistas, acrescentando que não sabe por que estes ainda não chegaram ao local da queda. "Talvez porque a Ucrânia ou autoridades ucranianas não têm interesse em uma investigação objetiva", opinou.
Esforços por cessar-fogo
Kiev afirmou que 186 corpos já foram encontrados, do total de 298 vítimas do desastre. Entre os passageiros e tripulantes do avião estavam 193 holandeses, 44 malaios, 27 australianos, além de britânicos, belgas e alemães. A ONU informou que 80 vítimas eram crianças.
Além disso, o porta-voz Lysenko ressaltou que Kiev não tem informações sobre as duas caixas pretas do avião que foram localizadas pelos rebeldes. O governo ucraniano também afirmou ter provas de que a Rússia teve um papel fundamental no disparo do míssil que teria derrubado o Boeing 777, tendo fornecido aos separatistas tanto o sistema de mísseis quanto pessoal para orientar o uso.
Os choques no leste do país continuam acirrados. Segundo o ministro de Defesa ucraniano, Valeriy Geletey, o Exército conseguiu tomar o controle sobre o sudeste de Lugansk e parte agora para recuperar o aeroporto, tomado pelos pró-russos. Os separatistas contestam essa informação, afirmando que a ofensiva militar foi repelida na região.
Durante seu telefonema, Merkel e Putin também concordaram que seja marcado para o mais breve possível um encontro entre a Rússia, a Ucrânia e a OSCE para discutir um cessar-fogo no conflito ucraniano.
CN/dpa/afp/rtr