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PolíticaReino Unido

Comissão investiga reforma no apartamento de Boris Johnson

28 de abril de 2021

Órgão de fiscalização quer saber quem pagou por renovação e decoração do apartamento usado pelo premiê britânico. Oposição suspeita que obras foram pagas por doadores com interesses no governo.

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Boris Johnson
Boris Johnson diante do edifício nº 10 de Downing Street, a residência oficialFoto: Pippa Fowles/dpa/picture alliance

A Comissão Eleitoral do Reino Unido abriu nesta quarta-feira (28/04) uma investigação para saber como o primeiro-ministro Boris Johnson pagou as obras de renovação e decoração feitas no apartamento onde reside, no edifício nº 11 da rua Downing Street.

O órgão de fiscalização afirmou ter questionado já em março o Partido Conservador sobre as obras no local e que entende existirem motivos razoáveis para suspeitar que uma infração ou infrações possam ter ocorrido.

A comissão quer saber se os recursos usados na reforma deveriam ter sido declarados segundo a lei de doações políticas.

A imprensa britânica noticiou nos últimos dias que o Partido Conservador teria desembolsado 58 mil libras pelas obras e depois recebeu uma doação nesse valor do milionário David Brownlow. Johnson afirmou que pagou o valor do seu bolso, mas não esclareceu se antes recebeu um empréstimo do partido.

O deputado Jonathan Ashworth, do Partido Trabalhista, na oposição, disse à emissora BBC que acredita que o chefe de governo está mentindo. "Nós precisamos saber quem deu o empréstimo, quem deu o dinheiro, porque precisamos saber com quem o primeiro-ministro está em dívida", afirmou.

Ele acrescentou que é importante esclarecer se os doadores têm interesse em obter contratos com o governo ou se políticas governamentais os afetam.

Dominic Cummings
Dominic Cummings (d) quando ainda era o principal assessor do governoFoto: Reuters/P. Nicholls

O caso veio à tona na semana passada, quando Dominic Cummings, antigo assessor de Johnson, afirmou que se opôs a um plano do premiê de conseguir financiar as obras através de doadores por considerar que era uma prática "contrária à ética, estúpida, talvez ilegal" e que feria as regras de transparência em doações políticas.

Cummings é considerado o estrategista da campanha que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), no referendo em 2016, e das eleições legislativas que deram a maioria absoluta ao Partido Conservador. Depois ele se tornou o principal assessor de Johnson.

Ele deixou o governo em novembro passado, em meio a uma suposta luta interna por influência junto ao chefe do Executivo.

Johnson vive no apartamento do nº 11 de Downing Street com a companheira, Carrie Symonds, e o filho. A residência oficial fica ao lado, no nº 10, onde também fica o escritório do premiê britânico. Assim como vários de seus antecessores, Johnson preferiu o apartamento do nº 11, de quatro quartos, por ser bem maior do que o do nº 10.

as/lf (Lusa, AFP, AP, Reuters)