Companhias aéreas baratas voam alto na Alemanha
20 de maio de 2017Se antes as companhias de voos baratos se contentavam com o distante e pequeno Aeroporto Frankfurt-Hahn, atualmente elas já operam no "FRA", o "verdadeiro" Aeroporto de Frankfurt. No contexto de sua estratégia de expansão, sobretudo a Ryanair e a Easyjet visam os grandes aeroportos da Alemanha, o que acirra a concorrência.
A oferta no segmento dos voos baratos bate recordes, enquanto os preços das passagens caem cada vez mais – é a conclusão do relatório Low Cost Monitor 1/2017, do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), divulgado duas vezes ao ano desde 2006.
Com 518 trechos a partir da Alemanha, a rede dos aviões de passageiros de baixo custo alcançou um novo ponto máximo no primeiro semestre, comentou Peter Berster, do instituto do DLR de administração de aeroportos e tráfego aéreo, sediado em Colônia, com base em dados de voo e ofertas levantados durante uma semana, em janeiro último.
Festa dos preços baixos
A irlandesa Ryanair é a que mais ampliou sua rede de voos, com 35 novas conexões, equivalendo a 25%. A suíço-britânica Easyjet está voando para sete destinações adicionais.
Mesmo sem ter crescido em relação ao ano anterior, a Eurowings/Germanwings segue dominando o setor de baixo custo. A subsidiária da Lufthansa detém mais de 50% de participação no mercado, seguida pela Ryanair, com 21,5%, e pela Easyjet, com 11%.
"Só a Ryanair aumentou a oferta em um quinto, oferecendo cerca de 150 voos a mais do que no ano anterior", observa Berster. Companhias como a Transavia e a Norwegian chegaram a dobrar sua oferta. Mais de 23% de todos os voos de passageiros a partir da Alemanha são de baixo custo.
Os preço médios dos low cost carrier para um voo simples caíram para a faixa entre 44 e 105 euros, contra 64 a 107 euros em 2016. Isso se deve tanto às fortes pressões competitivas quanto à queda do preço dos combustíveis. Apesar de grande presença nos grandes aeroportos, que são mais caros para as companhias aéreas, a Ryanair e a húngara Wizz Air baixaram seus preços em relação ao ano anterior, e a tendência descendente se mantém.
Quase 30% dos voos baratos são dentro da própria Alemanha, embora menos de 10% de todos os trechos oferecidos sejam domésticos. A Espanha é um destino turístico crescentemente apreciado, cabendo-lhe 16% do total, ou 85 trechos, num incremento de 20% em relação ao início de 2016.
Além disso, países do Leste Europeu, como Romênia, Hungria ou Bulgária, são cada vez mais procurados. Graças à oferta de voos de longa distância da Eurowings, destinações como os Estados Unidos, Tailândia ou América Central vão ganhando importância.
Berlim-Schönefeld na dianteira
A lista dos aeroportos com o maior número de voos baratos é encabeçada por Berlim-Schönefeld, seguido por Düsseldorf, Hamburgo e Colônia-Bonn. As instalações no sudeste de Berlim são também as que registram o maior incremento de tráfego, 30%. Hamburgo acusou 23% a mais, em parte devido à expansão da Ryanair. Mas também Germanwings, Easyjet e Norwegian ampliam sua oferta, e a Wizz vem se juntando a elas.
Até mesmo no maior aeroporto da Alemanha, o de Frankfurt, pouco a pouco o segmento low cost vai ganhando relevância, ainda que em escala muito reduzida, com uma participação de 1% no tráfego total. Em Berlim-Schönefeld, essa proporção é de 90%, em Colônia-Bonn, de dois terços.
De acordo com o relatório do DLR, o país com a maior oferta de voos baratos, num total 9 mil partidas por semana, é o Reino Unido. Sua rede low cost abarca mais de mil trajetos domésticos e na Europa. Cerca de 800 trechos são disputados por duas companhias, 100 outros até mesmo por mais de duas.
Quase um terço de todos os voos na Europa já fazem parte do segmento de baixo custo. Também a longa distância fica cada vez mais interessante para as companhias de preços baixos. A Norwegian já opera desde 2013 voos para EUA e Ásia, com o moderno Boeing 787, a partir de Copenhague, Oslo ou Estocolmo, e há voos partindo também de Londres, Paris ou Barcelona.
Desde 2015, a Eurowings tem destinações na Ásia e América, a partir de Colônia-Bonn, e o número das partidas cresceu significativamente no início de 2017, em relação ao ano anterior. Ao todo, há 92 conexões intercontinentais baratas por semana a partir da Europa, contra 55 um ano antes.
As companhias aéreas consideradas no Low Cost Monitor 1/2017 não são identificadas com base em seu modelo comercial, mas são as que apresentaram um grande número de ofertas no segmento de preço baixo, no contexto do mercado. A Airberlin, por exemplo, ficou de fora, devido a mudanças estruturais no estudo.