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Futuro da Líbia

28 de março de 2011

Enquanto a Otan assume o comando militar na Líbia, comunidade internacional se reúne em Londres para debater as operações militares e o futuro do país. Sarkozy e Cameron apelam a apoiadores para que abandonem Kadafi.

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Rebeldes líbios comemoram conquista de Bin JawadFoto: dapd

Representantes de 40 nações, entre eles a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, reúnem-se nesta terça-feira (29/03) em Londres, à procura de caminhos que possam levar a Líbia a se tornar um país democrático.

Um dos primeiros planos para uma solução do conflito líbio foi elaborado pelo governo italiano, como declarou o ministro do Exterior da Itália, Franco Frattini, em entrevista ao jornal italiano La Repubblica neste domingo. O plano italiano prevê sobretudo a instalação de um cessar-fogo e de um "corredor permanente de ajuda humanitária".

A Itália planeja ainda uma oferta de asilo para o ditador Muammar Kadafi. Segundo Frattini, o governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi tentou convencer a Alemanha para que ambos os países apresentassem o plano na reunião de terça-feira. Mas, nesta segunda-feira, Frattini deixou claro que não será apresentada nenhuma iniciativa apoiada apenas por dois países.

O Ministério do Exterior em Berlim confirmou a participação de Westerwelle na reunião internacional para debater o futuro da Líbia, mas relativizou a iniciativa ítalo-alemã anunciada por Frattini. Segundo um porta-voz do ministério, Berlim estaria em conversações com diversos parceiros internacionais, também, mas não exclusivamente, com a Itália.

Sarkozy e Cameron pedem que Kadafi saia

Nesta segunda-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmaram que Kadafi deve partir imediatamente, numa declaração conjunta em que apelam aos apoiantes do líder líbio para que o abandonem.

O ditador deve deixar o poder porque seu regime perdeu toda a legitimidade, afirmam, apelando aos partidários do líder líbio para que o abandonem antes que seja "tarde demais". Na declaração, Sarkozy e Cameron pedem aos líbios que construam um processo de transição em torno do Conselho Nacional de Transição, o órgão dos rebeldes. "Não estamos considerando uma ocupação militar da Líbia", afirmam.

Mais tarde, Sarkozy e Cameron participaram de uma videoconferência com o presidente dos EUA, Barack Obama, e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, para debater a situação na Líbia. Segundo o governo francês, a reunião durou cerca de 40 minutos.

"Protetor Unificado"

Katar Luftangriffe Libyen
Artilharia aérea ocidental impediu avanço de tanques de KadafiFoto: dapd

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, como também representantes da Liga Árabe e da União Africana foram convidados para o encontro desta terça em Londres. A princípio, a reunião deverá tratar da continuação e da liderança da missão militar na Líbia. Uma segunda parte do encontro deverá abordar a situação humanitária no país.

Nesta semana, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) assume o comando de todas as operações militares internacionais no país norte-africano. O canadense Charles Bouchard foi nomeado para comandar a operação Unified Protector (protetor unificado).

Segundo Rasmussen, a missão da Otan é proteger estritamente "a população civil e as regiões habitadas por civis ameaçadas por ataques do regime de Kadafi". Ou seja, a Otan não está de nenhum lado. Até o momento, no entanto, os ataques aliados funcionaram como uma espécie de força aérea dos rebeldes contra as tropas de Kadafi.

Resolução 1973

Dessa forma, quando a Otan assumir os comandos das operações, essa espécie de ajuda aos rebeldes pode chegar ao fim. "Em termos militares, os rebeldes não são civis", lembra Alain Délétroz do Grupo Internacional de Crise (ICG), think tank sediado em Bruxelas. Um diplomata da Otan afirmou que a aliança pretende respeitar todos os aspectos da Resolução 1973 da ONU. "A Otan continua apartidária", afirmou.

No entanto, a coalizão ocidental responsável pela missão na Líbia até o momento também dizia se apoiar estritamente na Resolução 1973 da ONU. A resolução permite uma ação para proteger os civis, mas não para derrubar Kadafi. Para o especialista Délétroz, todavia, os ataques da coalizão serviram para afastar o ditador do poder, ainda que ninguém afirme isso abertamente.

Confrontos na cidade natal de Kadafi

Enquanto isso, com o apoio da artilharia aérea ocidental, rebeldes líbios conseguem obrigar as tropas de Kadafi a recuar cada vez mais. Nesta segunda-feira, os opositores do regime avançaram até Syrte, cidade natal do ditador líbio, após terem reconquistado uma série de localidades estratégicas no caminho. O anúncio de que Syrte teria sido ocupada pelos rebeldes não foi, a princípio, confirmado.

O governo russo criticou a intromissão do Ocidente. "Nós somos da opinião de que a intervenção da coalizão numa guerra civil não está apoiada pela resolução do Conselho de Segurança", disse o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov. Assim como a Alemanha e o Brasil, a Rússia se absteve na votação da Resolução 1973 da ONU.

Um dia antes da conferência sobre a Líbia em Londres, o governo do emirado Catar reconheceu os rebeldes como legítimos representantes do povo líbio. O governo de Kadafi acusou a coalizão ocidental de ter provocado a morte de mais de uma centena de civis através de seus ataques aéreos e criticou o governo de Catar pela intromissão drástica em assuntos internos líbios.

CA/dpa/rtr/dapd/afp
Revisão: Alexandre Schossler