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Confira alguns fatos que provocaram a queda da Varig

12 de julho de 2006

Plano Cruzado, abertura do mercado de aviação, crise cambial, 11 de setembro e outros fatos agravaram a crise da companhia aérea. Confira alguns deles na seguinte cronologia.

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Varig: voando cada vez mais baixoFoto: AP

Desde a sua fundação em 1927 até 2003, a Varig foi a companhia aérea líder no Brasil e na América do Sul. Crises monetárias, o 11/09 e a criação da Gol em 2001 foram alguns dos golpes sofridos pela empresa, cuja participação no mercado doméstico despencou de 40% para 16% só em 2004.

Em 2005, quando chegou à beira da falência, a companhia, que emprega nove mil funcionários, faturou 6,6 bilhões de reais, mas teve um prejuízo de 1,5 bilhão de reais. Confira alguns fatos da história e da crise da empresa.

7 de maio de 1927: Nasce a Viação Aérea Riograndense, operando a linha Porto Alegre-Pelotas-Rio Grande com um avião Atlântico.

1942: Já com o nome Varig, a companhia começa a voar entre Porto Alegre a Montevidéu, sua primeira rota internacional.

1965: A Panair, então aérea brasileira com maior malha internacional, vai à falência; a Varig assume as linhas da ex-concorrente para a Europa.

1986: O Plano Cruzado congela os preços das passagens, mas não os custos das companhias aéreas, que continuaram subindo.

1990: O ex-presidente Fernando Collor de Mello abre o mercado da aviação nas rotas internacionais, levando a Vasp, a Transbrasil e companhias estrangeiras a concorrer com a Varig neste trajetos.

1992: Depois de se endividar no ano anterior com a compra de novas aeronaves, a Varig tem seus prejuízos agravados com a recessão causada pela Guerra do Golfo. A empresa vende aviões para bancos e empresas de leasing e passa a alugá-los.

1993–1994: A companhia faz uma reestruturação, dispensa mais de três mil funcionários e fecha 30 escritórios no exterior.

1999: A crise cambial no governo Fernando Henrique Cardoso tem impacto negativo no balanço da empresa. A TAM, a esta altura já a maior concorrente da Varig no mercado doméstico, inicia suas operações para o exterior.

2000: Criação da Varig Log, que nasce como a terceira maior empresa do grupo.

2001: A Gol entra no mercado nacional, acirrando a concorrência. Com os atentados de 11 de setembro, as dívidas da Varig aumentam.

2002: Fundação Ruben Berta (dos funcionários) rejeita acordo com credores. O BNDES deixa de procurar uma saída para a crise da companhia.

2003: Varig e TAM assinam uma carta de intenções para se unirem e começam a compartilhar vôos. A Varig perde a liderança do mercado doméstico para a TAM.

17 de junho de 2005: A companhia aérea pede à Justiça o início do processo de recuperação judicial, mecanismo que substituiu a concordata.

Novembro de 2005: A TAP (Transportes Aéreos Portugueses) e investidores brasileiros formalizam compra das subsidiárias Varig Log e VEM, o que garante o pagamento a credores internacionais.

Janeiro de 2006: O grupo TAP e a Volo Brasil assumem a VEM e a Varig Log, respectivamente. A Justiça de Nova York prorroga liminar favorável à Varig, que impediu a tomada de aviões por empresas de leasing dos EUA.

Fevereiro de 2006: Credores aprovam plano de recuperação judicial da Varig, que prevê a criação de Fundos de Investimentos e Participação (FIPs), com o objetivo de captar novos investidores e permitir a conversão de dívidas em ações.

Abril de 2006: A Varig Log oferece US$ 350 milhões pela empresa. Os credores rejeitam a proposta.

Maio de 2006: Enquanto a Varig faz manobras para escapar do arresto de seus aviões por credores nos EUA, a Varig Log, ex-subsidiária de transporte de cargas da Varig, retira sua nova proposta de US$ 400 milhões para compra da empresa. O BNDES e o Banco do Brasil se dispõem a financiar o investidor interessado em capitalizar a Varig.

Junho de 2006: De acordo com a Agência Nacional de Aviação, a Varig cancelou 54% de seus vôos internacionais programados e 49% de suas rotas domésticas em junho. Trinta mil passageiros brasileiros no exterior tiveram dificuldades para retornar ao país.

Junho e julho de 2006: O leilão de venda da Varig, que estava marcado para 5 de junho, é adiado várias vezes até ser fixado para 18 de julho. É prorrogado o plano de contingência – o endosso de passagens da Varig por outras companhias – até pelo menos o dia do novo leilão.

10 de julho de 2006: A Lufhansa faz um vôo inédito de Berlim ao Rio de Janeiro para levar turistas da Copa que não puderam voar com a Varig. No mesmo dia, o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, diz à DW-WORLD que a crise da Varig "é mais um problema político do que econômico".