Conselho de Segurança da Ucrânia pede estado de emergência
23 de fevereiro de 2022O Conselho de Segurança da Ucrânia pediu nesta quarta-feira (23/02) que seja instaurado estado de emergência por 30 dias, diante dos receios crescentes de uma invasão russa. A medida pode significar até que os ucranianos sejam obrigados a ficar em casa ou colocados sob toque de recolher.
"O Parlamento ucraniano deve ratificar esta decisão nas próximas 48 horas", informou o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Oleksiï Danilov.
Sob o estado de emergência, as autoridades poderão, por exemplo, reforçar a proteção da ordem pública e das infraestruturas estratégicas, limitar a circulação de transportes e intensificar as verificações de veículos e documentos dos cidadãos, especificou Danilov.
Trata-se de "medidas preventivas para manter a calma no país, para que a economia continue funcionando". Danilov assegurou, no entanto, que tais regras "não terão um impacto radical na vida cotidiana" dos ucranianos. "Estamos prontos para tudo", garantiu.
O estado de emergência se aplica a toda Ucrânia, exceto às duas regiões separatistas do leste apoiadas pela Rússia, onde ocorre uma insurgência que já custou mais de 14 mil vidas desde 2014.
O secretário do Conselho de Segurança complementou que cada uma das regiões ucranianas poderá decidir quais medidas específicas aplicará, dependendo da necessidade.
Mobilização de reservistas
Kiev á havia anunciado nesta quarta-feira a mobilização de militares da reserva entre 18 e 60 anos de idade, e apelado aos cerca de 3 milhões de ucranianos que vivem na Rússia para que deixem o país "imediatamente".
Na segunda-feira à noite, Moscou, que concentra pelo menos 150 mil soldados nas fronteiras com a Ucrânia, reconheceu a independência de dois territórios separatistas pró-russos no leste do país, as autoproclamadas "repúblicas" de Donetsk e Lugansk, e mobilizou forças para as duas regiões, em alegadas "missões de manutenção da paz".
"Temos de reagir aos acontecimentos dos últimos dois ou três dias na Rússia", defendeu Danilov.
A decisão de reconhecer os territórios separatistas no leste ucraniano tem sido contestada com várias medidas.
Vários países, como Estados Unidos, Reino Unido e os Estados-membros da União Europeia (UE), já anunciaram sanções econômicas contra Moscou, que tem negado qualquer intenção bélica em relação a Kiev.
A Rússia alega que não prepara uma invasão e busca apenas garantias de que as forças da Otan não operarão mais na Europa Oriental, e que a Aliança Atlântica jamais aceite a adesão da Ucrânia. Nesta quarta-feira, Putin criticou o Ocidente por não responder a essas demandas, que ele classificou como "não negociáveis".
"O nosso país está sempre aberto ao diálogo direto e honesto, visando encontrar soluções diplomáticas para os problemas mais complexos", afirmou num discurso televisivo transmitido por ocasião do Dia do Defensor da Pátria. "Mas repito: os interesses da Rússia e a segurança de nossos cidadãos não são negociáveis."
Putin indicou repetidamente acreditar que a expansão da Otan para o leste é uma ameaça para a Rússia: "Hoje, garantir a capacidade das forças de defesa do nosso país continua sendo o dever mais importante do Estado."
Proibição de TV russa
Paralelamente, cresce o debate se a emissora russa estatal de televisão RT poderá continuar transmitindo no Reino Unido. A secretária do Exterior britânica, Liz Truss, disse que cabe ao órgão regulador de comunicações Ofcom decidir se a emissora poderá continuar com sua licença.
"Acho que certamente é verdade que a RT está divulgando propaganda pró-Kremlin. Uma das coisas que o Kremlin faz é usar desinformação para tentar semear discórdia no Ocidente, e o Russia Today [antigo nome do canal] claramente faz parte disso", afirmou.
No começo de fevereiro, a RT foi proibida de transmitir programas no idioma alemão na Alemanha. Em retaliação, o Ministério do Exterior russo revogou a licença da DW para transmitir programas de televisão em inglês, alemão e russo, e fechou o escritório da DW em Moscou.
le/av (Lusa, DPA, AFP)