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Conservadores ganham mais influência

(ef)3 de fevereiro de 2003

Oposição alemã ganhou mais influência na política nacional com sua dupla vitória eleitoral de domingo. Chefe de governo Schröder perdeu margem de manobra para reformas. Presidente Rau ficou sem chance de reeleição.

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Presidente alemão Johannes Rau: sem chance de reeleiçãoFoto: AP

Maiores dificuldades para fazer reformas necessárias, visando tirar a Alemanha da grave crise econômico-social, são as conseqüências da vitória eleitoral dos democrata-cristãos (CDU) na terra do chanceler federal, Gerhard Schröder - Baixa Saxônia – e no Hessen. Com a dupla derrota do Partido Social Democrático (SPD), presidido pelo chanceler federal, Gerhard Schröder, os três tradicionais parceiros de coalizão CDU, CSU (social-cristão) e o Partido Liberal (FDP) dispõem agora de maioria absoluta na câmara alta do Legislativo da Alemanha (Bundesrat).

Além disso, o trio conservador ficou agora empatado com o SPD na importante Comissão de Mediação, que media decisões sobre reformas importantes entre as duas casas legislativas.

O péssimo desempenho eleitoral do SPD foi uma lição dolorosa para o chefe de governo. Os social-democratas sofreram a sua pior derrota eleitoral em mais de 50 anos na terra de Schröder. A Baixa Saxônia era o único Estado em que o SPD ainda governava sozinho. No Hessen, a CDU teve uma vitória tão retumbante que o governador nem precisa mais coligar com o Partido Liberal. Roland Koch, representante da nata do conservadorismo alemão, vai continuar a governar sozinho em Wiesbaden.

Baixa conjuntura e desemprego

Os dois pleitos simultâneos de domingo foram os primeiros depois da reeleição da coalizão de governo federal social-democrata e Verde por ínfima maioria, em setembro de 2002, graças principalmente ao seu categórico não a uma guerra dos Estados Unidos no Iraque. O conflito também dominou a campanha eleitoral das últimas semanas, mas desta vez não deu os frutos esperados. Grande parte dos políticos e da imprensa atribuiu a derrota arrasadora dos social-democratas à decepção dos eleitores com a ação do chanceler federal. Prevaleceu nas urnas o descontentamento por causa da baixa conjuntura interna e do desemprego que atinge mais de 10% da população alemã economicamente ativa.

Schröder demorou a reagir à vontade expressa pelo eleitorado nas urnas. O resultado saiu no domingo e só ao meio-dia de segunda-feira o porta-voz do governo, Bela Anda, anunciou que o seu chefe não pretende reformar o gabinete em conseqüência da derrota. Uma reação pessoal de Schröder ainda se deixa por esperar.

Reformas rápido

O empresariado e a cúpula sindical, ao contrário, reagiram rápido. Para o presidente da Federação das Indústrias (BDI), Michael Rugowski, "a mensagem dos eleitores foi clara: o governo federal tem de acelerar as reformas". Em virtude da nova correlação de forças no Bundesrat, ele acha que o governo tem de cooperar mais com a oposição. Por este motivo, o presidente da central sindical DGB, Michael Sommer, anunciou seu intuito de aproximação com os grandes partidos, a fim de influenciar nas reformas do mercado de trabalho e dos sistemas de saúde e de aposentadoria.

O líder sindical já marcou um encontro com a presidenta e líder da CDU, Angela Merkel. Os sindicatos são tradicionais aliados dos social-democratas, mas estão se afrouxando cada vez mais os laços que sempre uniram sindicalistas e social-democratas no passado.

O presidente da CSU, Edmund Stoiber, viu nas eleições estaduais "um claro voto de desconfiança contra o chefe de governo Schröder, " de uma forma inusitada na história da Alemanha". Os dois foram adversários na eleição nacional de 2002, na qual Schröder escapou de uma derrota por um triz. O secretário-geral do SPD, Olaf Schol, por sua vez, confirmou que o partido vai manter o curso de mudanças. "Nós queremos fazer de 2003 o ano de reformas", disse ele.