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Conservadores vencem eleição e devem afastar Islândia da UE

29 de abril de 2013

Coalizão de centro-direita vai interromper diálogo para ingresso à União Europeia. Social-democratas amargam pior resultado de um governo em eleições desde a independência.

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Foto: picture alliance/AP Photo

Os partidos de centro-direita da Islândia abriram neste domingo (28/04) as negociações para formação do novo governo do país após o resultado da eleição de sábado. Conservadores e liberais foram eleitos prometendo o fim dos anos de austeridade e do endividamento das famílias islandesas.

O Partido da Independência, liderado pelo conservador Bjarni Benediktsson, de 43 anos, é o grande vencedor do pleito, com 26,7% dos votos. O partido participou de todos os governos entre 1980 e 2009. A sigla deverá buscar o apoio do Partido Progressista, o segundo colocado, que obteve 24,4% da preferência dos eleitores. Ambos elegeram 19 parlamentares.

Caso se confirme a aliança, a governabilidade fica garantida com 51,1% dos votos dos islandeses. A coalizão ocupará 38 assentos na Althing, a mais antiga instituição parlamentar do Mundo.

Já o resultado dos social-democratas nas eleições representa a pior derrota de um partido no governo desde a independência da Dinamarca, em 1944.

A coalizão entre o partido Aliança Social Democrata e o Movimento de Esquerda Verde perdeu a metade dos seus parlamentares, caindo para 16. A Aliança obteve 12,9% dos votos, o que equivale a nove lugares, enquanto o seu aliado somou 10,9% dos votos, ou sete assentos.

Islândia e UE

Benediktsson já anunciou que vai interromper as negociações que a premiê social-democrata Jóhanna Sigurdardóttir, de 70 anos, conduz para a entrada da Islândia na União Europeia (UE). Ele diz que a economia do país tem melhores chances sem aderir ao bloco.

Island Ministerpräsidentin Johanna Sigurdardottir Reykjavik 2010
Governo liderado por Jóhanna Sigurdardóttir foi o grande perdedor da eleiçãoFoto: Getty Images

Os resultados mostram que os social-democratas acabaram sendo penalizados pela política de austeridade e pelos esforços de ingresso na UE. Sigurdardóttir estabilizou o país depois da crise financeira e do colapso bancário, há cinco anos. Em 2009, os social-democratas haviam interrompido uma sequência de administrações de 30 anos dos partidos de centro-direita.

O ex-jogador de futebol Benediktsson promete aliviar o país da política de austeridade dos social-democratas. "Nós oferecemos um outro caminho, que leva ao crescimento, à segurança social, à mais benefícios sociais e postos de trabalho", disse. Ele quer reduzir os impostos e elevar o padrão de vida da população. Além disso, anunciou duras renegociações com os credores internacionais dos bancos islandeses.

Quem assume o governo?

Benediktsson é apontado como principal nome para chefiar o novo governo. "A melhor solução seria uma coalizão de dois partidos, que garantiria um governo mais forte, capaz de negociar as difíceis decisões que teremos pela frente", disse o líder conservador.

No entanto, o progressista Sigmundur Gunnlaugsson, de 38 anos, resolveu endurecer as negociações para a formação da coalizão devido aos resultados do seu partido no pleito. Gunnlaugsson argumenta que ele deveria liderar o governo porque os progressistas dobraram a sua participação no parlamento.

"É uma performance que nos credencia à liderança do governo. Às vezes, o primeiro-ministro pretence ao partido mais forte, às vezes não", disse o líder progressista, dando o tom das negociações para a formação da coalizão.

Desafios

Os dois partidos vencedores são os mesmos que conduziram o processo de liberalização do setor financeiro, cuja falência, em 2008, mergulhou a Islândia na recessão. Atualmente a taxa de desemprego é inferior a 5% e a taxa de crescimento foi de 1,6% em 2012. A queda do desemprego é um dos pontos fortes do balanço do governo social-democrata.

O método de enfrentamento da crise do atual governo foi apoiado e até aconselhado pelo Fundo Monetário Internacional, que emprestou 1,6 bilhão de euros à Islândia entre 2008 e 2011. O peso das dívidas familiares, porém, parece ter tido uma grande influência no resultado nesta eleição. Na Islândia, 36% das pessoas são incapazes de pagar uma despesa inesperada de 1.000 euros.

MP/rtr/dpa/lusa