Tensão no Mar Amarelo
27 de novembro de 2010Um dia antes do início das manobras marítimas conjuntas das Forças Armadas norte-americanas e sul-coreanas, a Coreia do Norte advertiu ambos os países de "consequências incalculáveis".
Ao mesmo tempo, o governo do país comunista declarou lamentar a morte de dois civis durante seu ataque a uma ilha sul-coreana na última terça-feira (23/11), culpando, contudo, a Coreia do Sul pelo ocorrido. Pyongyang acusou Seoul de ter usado a população civil de escudo humano durante os confrontos e afirmou que os EUA teriam instigado o conflito.
Em uma celebração em memória aos soldados mortos na explosão de uma granada na última terça-feira (23/11), a população sul-coreana conclamou à vingança. Os recentes confrontos na ilha sul-coreana também vitimaram dois pedreiros.
Durante a celebração oficial de luto, o comandante da Marinha sul-coreana, Yoo Nak Jun, ameaçou a Coreia do Norte com represálias "cem vezes, mil vezes" maiores. A morte dos soldados deverá ser vingada "com toda a nossa fúria e com todo o nosso ódio", ameaçou o militar. O Ministério da Defesa em Seoul também anunciou uma atitude implacável contra o país vizinho.
Operação deverá ser longe da fronteira
Segundo a agência de notícias norte-coreana KCNA, o governo em Pyongyang declarou que, "caso os EUA desloquem seu porta-aviões para o Mar Amarelo, ninguém poderá prever as consequências".
Um dia após o ataque à ilha Yonpyong, localizada nas imediações da fronteira marítima entre as duas Coreias, as Forças Armadas norte-americanas anunciaram para este domingo (28/11) a manobra militar planejada com a Coreia do Sul.
Para o treinamento de quatro dias com soldados da Marinha e das Forças Aéreas, os Estados Unidos pretendem enviar ao Mar Amarelo seu porta-aviões George Washington. A manobra conjunta representa uma manifestação de poder militar explícita contra a Coreia comunista.
De acordo com a agência sul-coreana de notícias Yonhap, a operação deverá ocorrer longe da conflituosa fronteira marítima, em uma região próxima à cidade litorânea de Taean, cerca de 150 quilômetros ao sul de Seoul. O presidente sul-coreano, Lee Myung Bak, advertiu o governo em Pyongyang de provocações militares durante a manobra.
China entre confiança e desconfiança do Ocidente
A China comunicou que está tentando mediar o conflito entre as duas Coreias, rejeitando ao mesmo quaisquer manobras militares nas proximidades de suas fronteiras marítimas.
De acordo com a agência chinesa de notícias Xinhua, o ministro do Exterior Yang Jiechi discutiu a situação em um telefonema com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton.
O chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, almirante Mike Mullen, considera inexplicável, por sua vez, o fato de a China ainda não ter tido êxito até agora em dissuadir a Coreia do Norte de ameaças militares.
SL/dpa/rtr
Revisão: Soraia Vilela