Crimes custam bilhões à economia
31 de julho de 2003Assaltos, corrupção, roubos, pirataria, falsificação e lavagem de dinheiro, criminalidade na internet, espionagem industrial — é longa a lista de crimes que afetam profundamente a economia, causando na Alemanha prejuízos que superam a marca dos dez bilhões de euros. O Grupo de Trabalho em prol da Segurança na Economia (ASW), uma organização central do empresariado alemão que congrega representantes das mais importantes associações da economia do país, teme que a situação ainda se agrave.
Ao apresentar em Berlim o relatório de 2002/2003, o vice-presidente da organização, Michael Sorge, ressaltou que, depois de ter diminuído em 8,5%, entre 1993 e 2000, o número de crimes registrados no país voltou a subir nos últimos dois anos: 1,4% em 2001 e 2,3% em 2002.
Na mira de espiões internacionais
Um grande foco de preocupação, segundo Sorge, é a espionagem industrial, que obedece muitas vezes a interesses nacionais de governos estrangeiros. Os órgãos de segurança nacional da Alemanha têm registrado um aumento das atividades dos serviços secretos da Rússia, do Irã, da China e da Coréia do Norte, interessados em informações sobre novas tecnologias, processos de produção e as modalidades de concessão de crédito internacional.
Afetadas são não somente grandes empresas, como também as de pequeno e médio porte que atuam em setores inovadores. Os prejuízos, que se multiplicam também em função dos casos de empresas nacionais concorrentes que se espionam mutuamente, são incalculáveis.
Colarinho branco: menos casos, mais prejuízos
O número de delitos específicos do setor econômico, tais como fraude, corrupção e desfalque, vem diminuindo, no entanto cresce o prejuízo por eles causados. Segundo dados do Departamento Federal de Polícia Criminal (BKA) citados por Michael Sorge, os chamados crimes do colarinho branco ocasionaram danos de 13,2 bilhões de euros em 2001, o que corresponde a 60% dos prejuízos totais que decorrem de ações criminosas na Alemanha. Cerca de um quinto dos delitos desta espécie é de autoria de funcionários dos altos escalões das próprias empresas.
Uma das poucas notícias positivas do relatório anual da ASW refere-se ao número de assaltos a bancos, que diminuíram. Ocorrem também menos assaltos a carros-fortes, mas em compensação a brutalidade dos assaltantes torna-se cada vez maior. Um problema de especial gravidade são os roubos de cargas, responsáveis por prejuízos de 30 bilhões de euros em toda a Europa.
Diante deste quadro, o vice-presidente da ASW conclamou políticos e empresários a não ceder à tentação, nesta época de crise econômica, de poupar em medidas de segurança.