Cuba aceita retomar conversações para aproximação com a UE
7 de março de 2014O governo do presidente cubano, Raúl Castro, aceitou uma proposta da União Europeia (UE) para discutir a normalização das relações da ilha com o bloco. A decisão é o maior gesto de aproximação entre Havana e Bruxelas em anos.
"Cuba recebe com satisfação a proposta de 10 de fevereiro da alta representante [a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton], que significa o fim das políticas unilaterais da União Europeia para Cuba, e aceita as negociações", disse o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, nesta quinta-feira (06/03).
O escritório da UE em Havana saudou a decisão, afirmando que ambas as partes iniciarão o processo o quanto antes. Na pauta das negociações estão o aumento do comércio entre Cuba e a UE, investimentos estrangeiros e diálogo sobre direitos humanos na ilha.
O ministro cubano, no entanto, não divulgou quando as conversas começarão, mas disse que o governo da ilha está disposto a debater todos os assuntos com o bloco europeu – inclusive o tema dos direitos humanos.
As relações entre Cuba e a União Europeia estão abaladas desde 1996, quando o bloco adotou a chamada "posição comum", que condiciona os vínculos bilaterais a avanços relacionados aos direitos humanos.
A cooperação com Havana foi quase totalmente suspensa por Bruxelas em 2003, depois que o regime dos irmãos Castro prendeu 75 opositores.
A partir de 2005, porém, algumas sanções impostas pela UE foram levantadas gradualmente e, desde 2008, o bloco já destinou cerca de 80 milhões de euros em ajuda para Cuba. Atualmente, a UE é o maior investidor estrangeiro na ilha e o segundo maior parceiro comercial.
A decisão europeia contrasta com a posição dos EUA, que mantêm um rígido embargo econômico desde 1962.
Questionado sobre qual mensagem as negociações com a UE passam para o governo americano, o chanceler cubano disse que a resolução europeia mostra como "políticas unilaterais não funcionam e não têm lugar em tempos modernos".
"Políticas unilaterais, como as aplicadas pelos Estados Unidos a Cuba, provocam danos humanitários incalculáveis, não funcionam e estão condenadas ao fracasso", afirmou Rodríguez.
RM/afp/dpa/rtr