Incrível Bitterfeld
28 de janeiro de 2009Horst Tischer, de 69 anos, fica todo orgulhoso quando fala sobre o desenvolvimento de Bitterfeld desde a reunificação da Alemanha: "Trata-se realmente de uma história indescritível", comenta o prefeito honorário da cidade.
O engenheiro aposentado tenta então exprimir com palavras o inacreditável. Ele começa falando da antiga fama, da qual Bitterfeld há muito se distanciou, de ser a cidade mais poluída da antiga República Democrática Alemã (RDA). Continua falando dos muitos novos postos de trabalho que surgiram e termina com a região de Goitzsche, área de lazer de Bitterfeld com lago e muito verde, que se formou ao redor da cidade na antiga região carbonífera.
Desaceleração inicial
No entanto, antes deste boom, Bitterfeld entrou em processo de drástica desaceleração. A maior parte dos antigos 75 mil postos de trabalho desapareceu após a virada política. Quase um quarto da população estava sem emprego nos anos de 1990.
Com o desaparecimento dos empregos, a cidade também perdeu muitos moradores. Sobretudo pessoas jovens emigraram. "Para nós, isto é motivo de aflição", explica Tischer.
Como consequência da diminuição populacional e da cooperação necessária para implantação de indústrias, no verão europeu de 2007, Bitterfeld desapereceu do mapa da Alemanha como cidade autônoma. Na ocasião, ela se fundiu com a cidade vizinha Wolfen, como também com os municípios de Greppin, Holzweissig, Thalheim e Rödgen para formar a nova cidade de Bitterfeld-Wolfen. Esta colcha de retalhos urbana tem 45 mil habitantes, quase a mesma quantidade de pessoas que viviam somente em Wolfen em 1989.
O parque químico
Um destaque industrial sobre o qual o prefeito Tischer fala com muito prazer é o parque químico de Bitterfeld-Wolfen. Com uma área de 1.200 hectares, ele é maior do que a própria adjacente Bitterfeld. Com investimentos da ordem de 3,5 bilhões de euros, desde 2001, ali foi erguido um paraíso infraestrutural para as empresas.
A força de atração do parque pode ser avaliada através do número de empresas que lá se estabeleceram: 360 firmas da Suíça, Noruega, Austrália, Chile, França, Suécia, EUA e Japão já abriram ali uma filial. Entre elas, estão Akzo Nobel, Bayer e Evonik (antes Degussa). Essas firmas empregam juntas 11 mil pessoas.
Conta-se uma impressionante história de sucesso de uma empresa da região: fundada em 1999, a firma Q-Cells iniciou a produção de células solares de silício no primeiro semestre de 2001, com apenas 19 empregados. No final de 2007, trabalhavam cerca de 1.700 pessoas na Q-Cells, que é hoje uma das maiores fabricantes mundiais de células solares.
Tal sucesso também agradou ao secretário de Economia do estado alemão da Saxônia-Anhalt, Reiner Haseloff. Em outubro de 2008, ele condecorou a empresa com a distinção "
História de Sucesso feita na Saxônia-Anhalt. Com a homenagem, disse Haseloff, o estado mostra reconhecimento ao fato de a empresa criar, a longo prazo, postos de trabalho qualificados neste setor-chave da economia.
Até 2010, segundo os planos do secretário, cerca de 5 mil pessoas deverão trabalhar na indústria de energia solar no chamado Vale Solar, situado nos arredores de Bitterfeld. A região avançaria ainda mais em sua posição de pólo econômico, acredita Haseloff.
Paraíso para velejadores à porta de casa
Quem trabalha muito precisa de certo descanso no fim de semana. Para tal, os habitantes de Bitterfeld-Wolfen não precisam ir longe. Em frente à porta de casa, a antiga cratera de uma mina a céu aberto foi inundada e transformada em área de lazer. Nos píeres, veleiros navegam nas ondas do lago de Goitzsche. Em suas margens, ergueram-se casas de veraneio e restaurantes. Já se fala da "Riviera de Bitterfeld".
Existem em Bitterfeld realmente as "paisagens florescentes" que Helmut Kohl, o chanceler da reunificação, anunciou em 1989? Tischer evita tal expressão. Ao chegar ao fim de seu passeio mental por sua cidade, o religioso praticante e antigo organizador das "passeatas dominicais de Bitterfeld" salienta mais uma vez: "Comparando nossa região com aquele tempo, é inacreditável o que se desenvolveu aqui".