Dez razões pelas quais os britânicos devem permanecer na UE
31 de maio de 20161. O "senso comum" é uma virtude britânica
Na verdade, os britânicos se consideram os pais do bom senso. Eles entendem o "senso comum" como uma virtude tipicamente britânica, em contraste ao superaquecimento emocional de italianos e franceses, vistos como pouco razoáveis, devido ao excesso de amore e revolução. Já os britânicos decidem com a cabeça, não com o coração. E não é sensato destruir a Europa apenas por mau humor.
2. Sem experimentos, por favor!
Um princípio vital das ilhas britânicas é a relutância em mudar algo. A frase "don't rock the boat" (não balance o barco) se encaixa especialmente no ambiente de trabalho e na política. Não se deve fazer mudanças desnecessárias e sempre se comportar como se tudo estivesse bem. Isso fez com que os britânicos conservassem não só sua família real, como também seu sistema de saúde disfuncional. Por isso o metrô de Londres não é renovado e o aeroporto de Heathrow não é ampliado. Porque sempre há o perigo de que tudo fique ainda pior.
3. Escócia ameaça com Scoxit
Alex Salmond é considerado um dos políticos mais inteligentes que existem. E quando o pai do Partido Nacional Escocês ameaça com a saída do Reino Unido, a coisa fica séria. Tudo bem que ele não consegue sempre tudo o que quer. Perdeu seu primeiro referendo. Mas se Salmond ameaça realizar novamente um referendo sobre a independência da Escócia mais tardar dois anos após um Brexit, então os britânicos vão realmente pensar duas vezes se querem reduzir seu país ao tamanho de uma Eslováquia. Especialmente sob o risco de que Irlanda do Norte e o País de Gales sigam pelo mesmo caminho.
4. It's the economy, stupid!
A campanha a favor da permanência na EU não poupa esforços para mostrar aos cidadãos as consequências dramáticas de uma saída do bloco. Cada britânico teria 4 mil libras a menos por ano, avalia o ministro britânico das Finanças, George Osborne. O país entraria em uma recessão e não se recuperaria tão cedo. E o mais importante argumento, que atingiria o bolso e a alma dos britânicos: os preços dos imóveis cairiam supostamente cerca de 18%. Drama e catástrofe, pois, psicologicamente, a riqueza dos cidadãos é constituída especialmente pelo contínuo aumento no valor dos imóveis. "Minha casa é meu castelo" e minha aposentadoria – esta ameaça é existencial.
5. As oscilações do mercado financeiro
Alguns diretores de grandes bancos questionaram discretamente se realmente permaneceriam em Londres após um Brexit. Pois Paris e Frankfurt também são bastante atraentes. Abismos se abrem. Quando uma primeira sondagem detectou uma vantagem para o voto pela saída, a libra desvalorizou. De lá para cá, surgem artigos sobre como investidores podem se proteger para o caso X, contra uma queda da moeda britânica. Pois não só o presidente do Banco da Inglaterra alertou sobre um Brexit. A maioria dos banqueiros não quer saber de grandes marolas no centro financeiro de Londres, pois a crise financeira já foi superada, e as coisas estão caminhando novamente.
6. Filme de terror
Argumentos de política externa geralmente não contam muito, mas isso não incomoda o premiê David Cameron, que disse que um Brexit seria um duro golpe para a segurança do país. Depois que Barack Obama deixou claro em Londres que os EUA não dariam tratamento especial aos britânicos, nem em questões de economia, nem de defesa, eles temem serem deixados sós neste mundo perigoso após uma saída da União Europeia. Os chefes dos serviços secretos também têm alertado que a vida em tempos de terrorismo pode ficar muito mais perigosa sem o intercâmbio com os "amigos" no continente. Demasiado isolamento na política é como uma noite assistindo sozinho a um filme de terror em casa: a pessoa começa a se perguntar se a porta está realmente trancada.
7. Boris está fora!
Boris Johnson foi por muitos anos o queridinho dos britânicos. Com sua excentricidade cuidadosamente cultivada, seu cabelo artificialmente despenteado e suas muitas citações em latim, ele era considerado irresistível. Quando Boris se tornou líder da campanha pelo Brexit, muitos adversários ficaram desencorajados. Afinal, quem teria alguma chance contra ele durante um debate de TV? Mas daí ele tropeçou na própria língua, ao fazer um comentário sobre a ascendência queniana de Obama e comparar a UE com Hitler, por "tentar criar um superestado".
8. Deus proteja os operários poloneses!
Desde que o ex-primeiro-ministro Tony Blair abriu as portas após a adesão da Polônia à UE, operários poloneses chegaram ao país às centenas de milhares. Também chegou mão de obra para hotéis, restaurantes e asilos – mas especialmente populares são os trabalhadores braçais poloneses, operários bons, confiáveis e de baixo custo. E uma vez que os britânicos constantemente compram e vendem casas, modernizam cozinhas e ampliam cômodos, os carpinteiros, encanadores e pedreiros poloneses sempre conseguem trabalho. Caso eles deixem o país após um Brexit, a indústria da construção entraria em colapso. A vida sem operários poloneses se tornou algo impensável.
9. A solidão da urna
Pesquisas de intenção de voto só confundem. Especialmente no Reino Unido, como foi demonstrado na última eleição, quando os conservadores ganharam fácil, embora o Partido Trabalhista estivesse na frente nas sondagens. Ou os britânicos costumam mentir para os institutos de pesquisa, ou outro fenômeno entra em jogo: a solidão na cabine de votação. Nela, o cidadão está sozinho e tem que marcar "sim" ou "não". E nesse momento podem aparecer dúvidas sobre se toda a campanha publicitária sobre o Brexit não seria, talvez, apenas uma ideia realmente estúpida.
10. As casas de aposta é que sabem
Quem realmente sabe o que a nação pensa são, geralmente, as casas de apostas, as chamadas Bookies. Elas não podem se dar ao luxo de errar tão feio como os institutos de pesquisa, porque vivem de apostas. Dizem até que os profissionais do mercado financeiro preferem se orientar pelas Bookies do que pelas pesquisas em relação ao Brexit. E na maioria delas – onde os britânicos dão palpites sobre futebol, cavalo, bebês reais e eleições papais – o voto pela continuidade da adesão à UE está em 80%. Na dúvida, apostemos no que as casas de aposta dizem.