Diesel, o vilão
25 de julho de 2003Os carros com motores a diesel que circulam pela Alemanha ainda são um problema para o ministro do Meio Ambiente, Jürgen Trittin. Apesar de mais econômicos e liberarem menos dióxido de carbono do que os motores a gasolina, os veículos movidos a diesel são considerados prejudiciais à saúde e co-responsáveis pelo aquecimento global da Terra.
De acordo com o mais recente relatório do Departamento Federal do Meio Ambiente, a cada ano cerca de 14 mil pessoas morrem na Alemanha vítimas de câncer desencadeado pela inalação das partículas de fuligem liberadas pelos motores a diesel.
Tais particulados de carbono, como são chamados, também contribuem para com o aumento da poluição atmosférica e do efeito estufa, ou seja, agem na contramão de um problema ambiental que todos os países procuram conter.
O assunto voltou à tona recentemente com uma discussão sobre um possível reajuste dos já elevados impostos para os carros a diesel, com o intuito de combater os efeitos nocivos. A posição de Trittin é clara: "O problema dos carros a diesel não reside no fato de que os impostos são baixos e sim que as taxas de emissões poluentes ainda são altas".
Bem aceito na Europa
Para o ministro alemão do Meio Ambiente, a alternativa seria impor limites ainda menores no nível de poluição de um carro a diesel, não apenas na Alemanha mas em toda a Europa, onde o número de veículos com motores de combustão interna a diesel tem aumentado de forma significativa.
Para se ter uma idéia, na Europa a participação dos motores a diesel em automóveis novos passou de 40%, em 1998, para 65%, no primeiro trimestre de 2002. Uma realidade bem diferente da brasileira, onde o diesel está proibido em carros de passeio desde meados da década de 70, quando o governo resolveu restringir seu uso para economizar petróleo, após a guerra do Oriente Médio.
Atrativos aparentes
Na Alemanha, muitos motoristas preferem comprar um carro movido a diesel, mesmo sabendo que pagarão mais caro pelo veículo e que irão desembolsar mais em impostos do que quem opta por um motor a gasolina. Em 2000, 30% dos carros novos licenciados no país eram a diesel. Dois anos depois, em 2002, esta porcentagem subiu para 38%.
É bem verdade que os atrativos são tentadores: o diesel é muito econômico, porque faz o carro andar em torno de 20 km com um litro, quase o dobro do rendimento da gasolina. Além disso, sua manutenção é mais barata e os motores mais modernos são mais silenciosos. Outra vantagem é uma diminuição de 35% na produção de dióxido de carbono, o maior responsável pelo aquecimento global.
Embora os motores a diesel liberem menos CO2 do que os motores a gasolina, o dado negativo, e que preocupa os ambientalistas, se refere ao fato destes motores emitirem dez vezes mais NO2, aldeídos e PM inalável do que os motores a gasolina e cem vezes mais do que os motores com conversores catalíticos.
Uma opção
A instalação de filtros de fuligem seria uma boa alternativa, aceita inclusive pelo ministro alemão do Meio Ambiente. Com preços entre 200 e 400 euros, o filtro não é caro e ajudaria a reduzir o problema.
Resta saber se a população estaria disposta a contribuir de livre e espontânea vontade para a preservação ambiental ou se será preciso impor o uso do filtro nos carros a diesel através de uma nova regulamentação.