Comando duplo
27 de julho de 2011A mais premente questão de sucessão da economia alemã está respondida: o conselho de administração do Deutsche Bank designou uma dupla para encabeçar a maior instituição financeira do país, no lugar de Josef Ackermann. Anshu Jain, de origem indiana e chefe da divisão de investimentos, e Jürgen Fitschen, chefe das operações na Alemanha, vão dividir o comando do Deutsche Bank.
A transferência de chefia está prevista para o final de maio de 2012, após uma assembleia geral. Após dez anos como presidente, Ackermann renuncia, portanto, prematuramente ao cargo, já que seu contrato expiraria apenas em maio de 2013. O banqueiro suíço deverá, então, assumir a direção do conselho de administração do banco.
De corretor a astro
Após divulgada a decisão, na noite de segunda-feira (25/07), Fitschen, de 62 anos, declarou não conseguir imaginar "um parceiro melhor" do que Jain para "dar seguimento ao curso de êxito do banco, tanto no mercado nacional como mundialmente". Jain, de 48 anos, por sua vez, revelou-se "profundamente honrado" por "poder dirigir" futuramente a instituição ao lado de Fitschen.
O economista indiano vive em Londres. Havendo começado como pequeno corretor de valores, ele se encontra a serviço do banco alemão desde meados da década de 90. Ao assumir, sozinho, a chefia do departamento de investimentos, no ano passado, tornou-se uma verdadeira galinha dos ovos de ouro para a instituição e, internamente, sua figura mais brilhante.
Somente no último ano fiscal, seu departamento foi responsável por quase três quartos dos 28,9 bilhões de euros faturados pelo Deutsche Bank. Há anos ele conquista o respeito dos especialistas da área de investimentos através de seu talento para análises e para encontrar a composição certa dos produtos financeiros.
Entretanto Anshu Jain também enfrenta vozes críticas, sobretudo na Alemanha. Estas alegam que a expansão em massa dos investimentos bancários prejudica a clássica concessão local de crédito à indústria. Além disso, ele não domina o idioma alemão e lhe faltam as conexões necessárias com a política de Berlim, prosseguem os críticos.
Figura de apoio
Possivelmente por esse motivo, o conselho de administração colocou ao lado de Jain um banqueiro experiente e bem conectado, na figura de Jürgen Fitschen. Comparado com os jovens astros do setor financeiro, sua carreira "engatou" relativamente tarde. Após formar-se para o comércio atacadista e de exportação, estudar Ciências Econômicas e atuar no instituto financeiro KKB, ele entrou para o Deutsche Bank em 1987.
Seguiram-se estações na Tailândia, Japão, Cingapura e Londres. Fitschen ocupou-se, em parte, dos investimentos e dos grandes clientes – dos setores, portanto, atualmente sob a responsabilidade de Jain. Há mais de seis anos o modesto e objetivo banqueiro alemão dirige as atividades regionais do Deutsche Bank em todo o mundo, porém em especial os negócios na Alemanha.
Observadores partem do princípio de que, dentro de alguns anos, quando houver estabelecido suficientes conexões, Jain assumirá o leme sozinho. Já há um indicador de que essa teoria confere: o contrato de Jain foi prorrogado por cinco anos, até o final de março de 2017, enquanto o de Fitschen o foi por apenas três anos, até 2015.
Divisão ilegal?
Segundo o site do jornal Die Zeit, a decisão de repartir a presidência do Deutsche Bank transgrediria a Lei das Empresas Públicas. Do Parágrafo 84 desta consta que o conselho de administração deve eleger como presidente "um membro" da diretoria. Exceções só são possíveis em casos expressamente previstos por lei, informa o site.
O banco argumenta que certas obras de teoria jurídica sustentariam a dupla solução. Entretanto Gerald Spindler, professor de Economia da Universidade de Tübingen, rebate que ela contrariaria tanto a letra quanto a meta da lei. "Afinal de contas, a diretoria deve ter, no presidente, um interlocutor e coordenador unívoco", declarou Spindler ao Zeit Online.
AV/dw/rtr/dapd/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler